O Conselho Indígena de Roraima (CIR) por meio do Departamento de Gestão Territorial e Ambiental (DGTA) em parceria NCI e IEB, realizaram nos dias 26 a 28 de abril oficina temática sobre o Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) com o tema: “Controle territorial e direito. A atividade ocorreu na comunidade Xaari, T.I Wai e contou com instrutores Keliane Wapichana, gestora ambiental, Genisvan André técnico em SIG, Fátima André, gestora Ambiental, além de Reinaldo Lourival Coordenador do National Culture International (NCI) e Leda Martins Antropóloga do projeto Bem Viver. Participaram ao menos 110 lideranças de 3 comunidades, Xaari, Anauá e Serra Talhada.
O Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA), tem o objetivo de formatar um plano de vida feito integralmente pelas comunidades. Durante a oficina, realizaram um breve histórico dos PGTAs de outras T.Is, além de relembrar o que foi abordado nas duas anteriores realizadas dentro da T.I Wai Wai.
A principal atividade das comunidades do território do povo Wai wai são a coleta de castanha do Pará, que anualmente rende de 8 a 9 toneladas, venda de banana, venda da farinha.
“O PGTA pra comunidade foi muito importante, com a participação dos idosos, jovens, adultos e crianças, onde colocamos no papel o que temos na memória, é muito importante para gente registrar este momento, viemos construindo ao longo desse tempo, temos a agradecer a participação de toda a comunidade, aqui na região, somos 400 pessoas nas comunidades Anauá e Xaari.”
Relatou a liderança Ivaldo Wai Wai, que destacou também o fato de as lideranças mais tradicionais terem contado parte da historia, do início da luta pelo território até a da demarcação.
Como continuação das oficinas iniciais de sensibilização e gestão de recursos naturais, respectivamente, a terceira oficina procurou identificar as ameaças contra os territórios, além de procurar as soluções, e apontar ações feitas pelas próprias lideranças da região. As identificações foram feitas através de cartas cartográficas da T.I. As lideranças tradicionais logo visualizaram áreas de conflito (garimpo, furto de castanha/ gado e desmatamento), áreas de preservação, conservação coleta e manutenção.
Entre as ameaças internas e externas destacadas durante a oficina estão a bebida alcoólica, abuso sexual, garimpo, invasão de turistas, pesca e caça ilegal, dentro da T.I. As lideranças também apontaram soluções para os problemas através de reuniões integradas e ações de combate e prevenção das ameaças.
Nos trabalhos em grupo as lideranças estiveram realizando a visão de futuro para sua terra em desenhos, feita em um pano de aproximadamente a 4 metros, que ficou para ser mostrado da atividade anterior, entre as pinturas destacaram a preservação da cultura e o território.
Linha do Tempo:
O Território Wai wai é composto pela T.Is Trombetas Mapuera e Wai Wai, delimitados nos dias 23 e 24 de Abril de 1979, Demarcado em 23 de Abril de 2001, Homologada no dia 23 de Junho de 2003. Essa linha do tempo foi refeita pelas lideranças durante a oficina, eles ainda relataram uma grande pressão política para diminuir o território, no entanto foi indagado que este ainda era muito pequeno e não aceitariam nenhum acordo fora dos seus termos, e assim seguiram com a homologação. O Território Wai Wai conta com uma população de 800 a 900 Indígenas, 15 comunidades.
Como relatado anteriormente as T.Is Trombetas Mapuera e Wai Wai mantém como atividade produtiva de coleta de castanha do Pará feita através dos rios Jatapú e Anauá. A gestão dos recursos gerado pela venda da Castanha do Pará é feita pelas lideranças Wai Wai em Associações, o recurso gira dentro das comunidades permitindo a manutenção de barcos, centros de convivência e malocões.
Lideranças tradicionais preparam Castanha do Pará / Visão aérea da Comunidade Xaari
Fonte: Conselho Indígena de Roraima
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