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PPGCOM - UFRR promove debate sobre os 30 anos da Terra Indígena Yanomami

O evento vai contar com a presença das principais lideranças indígenas de Roraima, entre elas o xamã e líder político do povo Yanomami Davi Kopenawa.


Davi Kopenawa Yanomami é a principal liderança do povo Yanomami. Foto: Internet .


Nos dias 11 e 12 de agosto a Universidade Federal de Roraima (UFRR) será palco de debate sobre os 30 anos da demarcação da Terra Indígena Yanomami. A instituição, com a organização do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM), vai realizar o seminário “O Futuro É Indígena: 30 Anos Da Terra Yanomami”.


O evento vai ser realizado no auditório da Sala de Cinema do Centro Amazônico de Fronteiras (CAF/UFRR), a partir das 18h. As principais lideranças indígenas do território Yanomami já confirmaram presença no encontro.


Com uma área de mais de nove milhões de hectares, a Terra Indígena Yanomami está localizada entre os estados de Roraima e Amazonas, e comporta uma população de quase 30 mil habitantes das etnias Yanomami, Ye’kwana e os povos isolados Moxihatëtëma.

O maior território indígena do Brasil completou 30 anos de homologação no mês de maio, com o maior índice de desmatamento dos últimos tempos – 46% de área devastada pela ação do garimpo ilegal.


A invasão garimpeira, intensificada nos últimos anos com o estímulo dos governos federal e estadual, tem produzido um rastro de destruição, não somente ambiental, mas com impacto na vida das populações indígenas que sofrem com o aumento de doenças, violência e mortes. Estima-se que hoje o território esteja invadido por mais de 20 mil garimpeiros.


Garimpo na região do Homoxi, Terra Indígena Yanomami. Foto: Hutukara.


De acordo com a organização do evento, o seminário é uma forma de mostrar que a UFRR está preocupada com o avanço da mineração ilegal em terras indígenas, principalmente na Terra Yanomami. E, o PPGCOM, como parte de uma instituição de ensino superior pública quer colaborar com temas que tratem da vida e dos direitos dos povos originários em Roraima e sua relação com a sociedade e com o meio ambiente.


“O evento, organizado pelo PPGCOM em parceria com as organizações e lideranças indígenas serve para nos lembrar que o Brasil é terra indígena, que Roraima é terra indígena e que a comunicação tem um papel fundamental para a construção de uma outra narrativa sobre aquilo que somos e aquilo que queremos ser. Os 30 anos da TI Yanomami, que celebramos no encontro, fazem parte dessa construção. Mas, também servem (infelizmente) para denunciar que esta conquista está sob ameaça, que o povo Yanomami está sob ataque e que o genocídio indígena ainda é parte da política de estado nesse país”, enfatizou o vice-coordenador do PPGCOM, professor Vilso Jr Santi.


“O evento, organizado pelo PPGCOM em parceria com as organizações e lideranças indígenas serve para nos lembrar que o Brasil é terra indígena, que Roraima é terra indígena e que a comunicação tem um papel fundamental para a construção de uma outra narrativa sobre aquilo que somos e aquilo que queremos ser".

Entre as lideranças indígenas com presença confirmada está Davi Kopenawa, xamã e líder político do povo Yanomami, presidente da Hutukara Associação Yanomami e reconhecido mundialmente como ativista na defesa dos povos indígenas e da floresta Amazônica. Davi também é autor do livro “A queda do céu: Palavras de um xamã yanomami” junto com o antropólogo francês Bruce Albert e co-roteirista do filme “A Última Floresta”, dirigido por Luiz Bolognesi.


Outra liderança confirmada no Seminário é o filho de Davi, o jovem Dário Kopenawa, que nos últimos anos tem sido o responsável por estar à frente de inúmeras denúncias da invasão garimpeira, violências e mortes contra o seu povo Yanomami. Para Dário, a realização do Seminário é importante porque vai trazer o histórico de vida e resistência do povo Yanomami e Ye’kwana, que há muitos anos lutam pelo reconhecimento dos seus direitos, garantidos na Constituição de 1988.

Dário Kopenawa e Joenia Wapichana na apresentação do Relatório Yanomami Sob Ataque. Foto: Internet .


“A universidade Federal de Roraima vai receber esse grande debate e ouvir a voz, conhecer a luta e a resistência do povo Yanomami. É importante a população roraimense aprender e respeitar os nossos direitos, as nossas diversidades, nossas culturas e tradições. Respeitar nossos xapiri [espíritos da floresta] e os nossos conhecimentos. Por isso é importante receber voz do povo Yanomami dentro da universidade”, disse Dário Kopenawa.


Dário informou ainda que a Hutukara Associação Yanomami está articulando a vinda de 10 lideranças indígenas direto da Terra Yanomami para participar do Seminário. Ele também reforçou a necessidade do reconhecimento e valorização dos povos da floresta e ainda convidou a sociedade roraimense para o evento. “Yanomami, Macuxi, Wapichana, Ye’kwana entre outros parentes, vamos mostrar a nossa realidade. O nosso direito de demarcar os nossos territórios. A nossa luta, principalmente do meu pai, Davi Kopenawa Yanomami. Se os roraimenses estão interessados em nos ouvir, sejam bem-vindos. Venham participar junto com a voz dos povos indígenas”, finalizou.


“A universidade Federal de Roraima vai receber esse grande debate e ouvir a voz, conhecer a luta e a resistência do povo Yanomami. É importante a população roraimense aprender e respeitar os nossos direitos, as nossas diversidades, nossas culturas e tradições. Respeitar nossos xapiri [espíritos da floresta] e os nossos conhecimentos. Por isso é importante receber voz do povo Yanomami dentro da universidade”.

Outros líderes indígenas também participarão dos debates como Maurício Ye’kwana, diretor da Hutukara Associação Yanomami; Júlio Ye’kuana, presidente da Associação Wanasseduume Ye’kwana; Edinho Batista Macuxi, coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR) e Júnior Hekurari, coordenador do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY). O procurador da República do Ministério Público Federal de Roraima (MPF/RR), Alisson Marugal, titular de defesa dos Direitos e Minorias, também estará presente nos debates.


Além disso, o evento deve contar com uma Exposição Fotográfica sobre a realidade do garimpo dentro da Terra Indígena Yanomami, com fotografias de sobrevoos realizadas nos últimos anos, fotos do modo de vida dessas populações sem o garimpo e o cotidiano nos trabalhos comunitários e das atividades acompanhadas pelo Instituto Socioambiental (ISA), também parceiro na organização do evento.


Relatório Yanomami Sob Ataque


O relatório Yanomami Sob Ataque, lançado em abril deste na pela Hutukara Associação Yanomami (HAY) e Associação Wanasseduume Ye’kwana (Seduume), traz um panorama do avanço da destruição garimpeira na maior terra indígena do país. O documento aponta uma devastação histórica nos últimos 30 anos, com aumento de 46% de área desmatada em 2021. O relatório também apresenta depoimentos de Yanomami que são vítimas de todo tipo de violência por conta da ação do garimpo, principalmente de mulheres, abusadas sexualmente.


Outro destaque no relatório é a contaminação dos rios e igarapés, fonte de alimento dessas populações tradicionais. Segundo o documento, os rios Uraricoera e Parima, Igarapé Inajá e Surucucus, rio Mucajaí e Couto Magalhães estão diretamente impactos com a devastação e contaminação por mercúrio – metal altamente tóxico, utilizado nas atividades garimpeiras.

Relatório Yanomami Sob Ataque. Ilustração

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