O edital de chamamento, publicado pelo Ponto de Cultura Ulisses Manaças, para incrição de produções audiovisuais que participarão da II Mostra de Cinema Amazônico de Boa Vista, encerra as inscrições no próximo dia 06/09/2024. Os interessados podem acessar aqui o endereço eletrônico sendo direcionados para um link que possibilita ler o regulamento e realizar a inscrição.
As regras estabelecidas aceitam produções cinematográficas idealizadas no formato de documentários, curta e média-metragens, animações e filmes experimentais. As películas devem obrigatoriamente contemplar aspectos da Amazônia que abordem questões ambientais, mudanças climáticas, o urbano e a Amazônia, desafios sociais e econômicos e vivências e histórias das Amazônias. Segundo o regulamento serão selecionados para exibição 20 produções, cada uma receberá como incentivo à participação um valor de R$200,00, além de certificado.
A idealização da mostra de cinema, segundo Job Martins, coordenador do ponto de cultura Ulisses Manaças, busca potencializar a sétima arte feita na Amazônia, por amazônidas. “Estabelecer espaços para circulação da cultura local é um dos principais objetivos do ponto de cultura, especialmente em virtude de nosso foco central ser retirar das áreas centrais e nobres as apresentações culturais, trazendo a cultura viva para a periferia de Boa Vista”, disse.
O card de divulgação do chamamento público convida os cineastas e produtores de audiovisuais a celebrarem a riqueza cultural, ambiental e social das Amazônias. A divulgação do resultado final, com os filmes selecionados pela curadoria, é prevista para o próximo dia 16/09. As apresentações, segundo Martins, serão realizadas entre os meses de outubro e novembro na sede do ponto de cultura, localizado na rua Odílio D'Oliveira Cruz, 1027, Alvorada. “Nossa ideia é transformar essa mostra de cinema em um grande grito de resistência das vozes da Amazônia”, afirmou Martins.
Ponto de Cultura Ulisses Manaças
"Consiste em um coletivo criado para atender as necessidades da periferia, buscando o envolvimento dos jovens com as manifestações culturais", para Job Martins. A decisão de retomar os pontos de cultura como espaços estratégicos de fortalecimento dos assentados da reforma agrária, por meio das manifestações culturais locais, surgiu, segundo Martins, de uma orientação política do MST e do interesse de nossos militantes em criar uma nova ferramenta de diálogo permanente com todas as pessoas.
“Precisamos fortalecer o trabalho da agricultura familiar e o resgate da cultura dos povos é necessário para a melhoria da qualidade de vida das pessoas”, destacou Martins. Apesar da organização ter uma relação direta com o MST/RR sua estrutura amplia-se para incluir diversos representantes da sociedade, especialmente os fazedores de cultura. “Muitos artistas são nossos parceiros. Isso nos fortalece bastante, além de ampliar nossa relação como organização com outros segmentos da sociedade, especialmente com a comunidade que nos circunda”.
Um ano de atividades culturais
A formatação das atividades extrapolam o processo de produção artística apenas. Para Martins, um ponto de cultura deve enfrentar as contradições existentes na sociedade, especialmente o enfrentamento a processos de opressão. “Neste período após a consolidação de nosso coletivo e do ponto de cultura Ulisses Manaças já realizamos rodas de conversas sobre lgbtfobia, patriarcado e machismo. Atualmente o ponto de cultura mantém uma oficina de teatro com aulas todos os sábados pela manhã.
Uma oficina realizada, apontada por Martins como de muito sucesso, foi a possibilidade de trabalhar com valorização gastronômica, onde os participantes poderam aprender a aproveitar cascas, sementes e folhas como elementos alimentares. “No entanto, a realização de nossos arraiais juninos e do festival cultural foram os pontos altos deste período”, afirmou Martins.
Um dos eventos, para Martins, mais emocionantes foi o lançamento do videoclipe Samaúmas. “Realizamos um evento que demonstra a capacidade de mobilização de pessoas em defesa da vida amazônica e novas formas de olhar e pensar nosso espaço de existência”, afirma Martins.
A sétima arte
As mostras de cinema fazem parte das estratégias adotadas pelo ponto de cultura. Sem disponibilidade orçamentária, o coletivo que organiza os trabalhos já realizou duas mostras de filmes. A última delas, uma coletânea de filmes infantis da América do Sul, realizada no último domingo (01/09/2024). “Agora, temos um incentivo extra ao classificarmos a proposta da Mostra de Cinema Amazônico na Lei Paulo Gustavo, por meio do edital divulgado pela gestão municipal de Boa Vista", disse Martins.
Quem foi Ulisses Manaças?
Foi um poeta, político e dirigente do MST no estado do Pará, falecido em 2018. “Não realizamos uma homenagem apenas a uma pessoa de grande importância para nosso movimento, promovemos, com a criação do ponto de cultura Ulisses Manaças, o reconhecimento de toda luta social e cultural deste brasileiro que encantava pessoas com sua determinação em superar as desigualdades e opressões que tanto maltratam nosso povo”, afirmou Martins.
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