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Crise Humanitária: Veja como ajudar o povo Yanomami

Atualizado: 2 de fev. de 2023

Os povos indígenas de Roraima sofrem com a desnutrição, doenças e perseguição decorrentes do garimpo ilegal em seus territórios.


Por Laura Silvestre e Yohanna Menezes.

Dário Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY). Foto: Amazoom.

A crise humanitária vivida pelos indígenas em Roraima levou o Governo Federal a decretar Situação de "emergência de saúde" no Território Yanomami, no último sábado (21 de janeiro), durante a visita do presidente Lula ao estado. Assim, diversas instituições têm criado campanhas com o intuito de enviar ajuda para minimizar os danos sofridos pelos indígenas ao longo dos últimos anos.


O vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY), Dário Kopenawa Yanomami, afirmou que a situação que o povo Yanomami vive agora não é algo recente, e sim, derivada do que vem ocorrendo durante os últimos quatro anos.

Nós, como representantes da Hutukara Associação Yanomami (HAY), já avisamos todos os governos anteriores e sociedade brasileira. Também já alertamos, antes de acontecer isso, nessa gravidade. Isso não é novidade! Isso não é de hoje! A gente está enfrentando isso! Já falamos há muito tempo!
Mas agora é uma situação muito grave! O que está acontecendo hoje em dia é muito grave. E o principal vetor, do que está acontecendo, é principalmente a atividade do garimpo ilegal na Terra Yanomami.

Dário faz questão de frisar que hoje já são mais de 20.000 garimpeiros ilegais presentes na Terra Yanomami. A liderança indígena também faz alerta para àqueles que tentam dissociar a questão do garimpo ilegal da situação crítica vivida pelos Yanomami atualmente:

Queria dizer bem claramente: nós não estamos morrendo de fome! Os Yanomami estão doentes! De malária; de gripe; de COVID-19. Estão contaminados por mercúrio! Os Yanomami estão tomando água suja! Os Yanomami estão abandonados e sem assistência! Porque a presença do garimpo é muito forte!
Por isso os nossos parentes, nossos irmãos Yanomami estão desnutridos! Porque os pais e as mães não estão conseguindo cuidar dos seus filhos! Porque os pais e as mães estão todos doentes! Porque há uma doença muito grande na Terra Yanomami!

Visita do Presidente Lula


O vice-presidente da (HAY), em sua avaliação da visita do Presidente Lula à Roraima, destacou que foi muito importante o Presidente se preocupar em ver a situação do Povo Yanomami in loco e para ouvir as lideranças locais, principalmente o líder Davi Kopenawa Yanomami.

Foi muito importante, na semana passada, a vinda presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para conhecer a realidade das crianças Yanomami aqui no estado de Roraima. E, para ver como está a situação! Qual é a real situação! Porque era diferente quando ele via nas redes sociais, nas mídias e nas televisões. Ele não acreditava! Mas, quando ele veio aqui, ele viu: quantas crianças estão desnutridas?! quantas crianças estão doentes?! quantas crianças estão sofrendo na Terra Yanomami?!

Campanhas


Dário Kopenawa, em sua fala, também agradece à população brasileira que "está ouvindo a voz do Povo Yanomami", mas também pede apoio da sociedade para atacar, com medidas emergenciais, o problema que assola os indígenas do extremo norte do Brasil.

“Nós Yanomami estamos fazendo uma Campanha sobre a doação de arrecadações, de recursos humanos, de recursos de dinheiro e de apoio. A gente está fazendo uma grande mobilização, com os outros nossos parceiros. Para a população brasileira apoiar nisso que nós estamos sofrendo. É uma situação muito grave! Não é de hoje!
A Associação Ypasali Sanuma da Terra Yanomami está pedindo doações e apoio; a Urihi Associação Yanomami, da região do Surucucu está pedindo apoio; e a Hutukara Associação Yanomami está pedindo apoio, aos Yanomami como um todo. declarou Kopenawa.

Veja quais instituições estão mobilizando ajuda e como você pode participar:


Conselho Indígena de Roraima (CIR)

O CIR é uma organização criada em 1970 com o objetivo de lutar pela garantia dos direitos assegurados na Constituição Federal e o fortalecimento da autonomia dos povos indígenas em Roraima.


O Conselho divulgou através do site oficial e redes sociais a campanha SOS Yanomami de arrecadações de alimentos e remédio, as doações podem ser feitas através do PIX: conselhodaf@gmail.com.



Hutukara Associação Yanomami (HAY)


A Hutukara foi fundada em 2004, na aldeia Watoriki, onde fornece informações e projetos sobre o povo Yanomami em seu site oficial.


As doações para a Associação podem acontecer por meio do PIX CNPJ: 07.615.695/0001-65. E, também aos seus parceiros a Associação Ypasali Sanuma através do PIX CNPJ: 34.141.441/0001-25 e Uihiri Associação Yanomami no PIX CNPJ: 34.807.578/0001-76.



CUFA e FNA


A UNEGRO/RR emitiu uma nota desvinculando-se das ações realizadas pela CUFA e FNA devido ao não seguimento das diretrizes pedidas pelas organizações indígenas


Segue a nota de esclarecimento e repúdio emitida pela UNEGRO/RR:


“Nós da UNEGRO/RR, viemos por meio deste, esclarecer e comunicar o nosso desligamento da Ação Humanitária em parceria com a CUFA Brasil e Frente Nacional Antiracista. A decisão se deu por não aceitarmos parcerias com o Governo do Estado de Roraima, responsável pelo Genocídio da População Yanomami. Este mesmo Governo, sancionou dois projetos de lei que liberava o uso mercúrio e a proibição da destruição dos maquinários apreendidos dentro Garimpo Ilegal nas terras Yanomami. Foi proposto, pela UNEGRO/RR, que as organizações nacionais dialogassem diretamente com as Organizações Indígenas Yanomami e demais organizações.
A CUFA Brasil não seguiu as orientações que havíamos articulado em conversa com a assessoria da Hutukara, tendo como ação a desmarcação de agenda e a decisão de dialogar com o Governador Antônio Denarium. Por entender que as organizações nacionais estariam se aproveitando da imagem e da crise que o povo Yanomami está vivendo, decidimos nos afastar da parceria firmada sobre a Ação Humanitária e também por não haver diálogo com as organizações indígenas, como foi sugerido por nossa entidade, ficando assim inviável a nossa participação.”

Boa Vista, 27 de Janeiro de 2023.

UNEGRO/RR



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