Antônio Denarium (PP) assumiu o cargo em dezembro de 2018 como interventor federal, 20 dias antes de tomar posse do cargo. Acusaçoes de agiotagem e mudanças no alto escalão marcaram sua primeira experiência no executivo estadual
Por: Alessandro Leitão, Caíque Rodrigues, Mônica Silva, Ruan Carneiro e Yara Ramalho
Foto: Poder360
Eleito em outubro de 2018 com mais de 136,6 mil votos, Antônio Denarium (entC no PSL) chega a (quase) quatro anos marcado por polêmicas ao longo de seu mandato. Saindo como vencedor em um segundo turno disputado com o ex-governador José de Anchieta, Denarium foi acusado de agiotagem, fez mudanças constantes no alto escalão e precisou enfrentar uma pandemia. Relembre aqui as principais ações controversas que marcaram seu governo.
Antônio Denarium assumiu o cargo antes da data prevista, após o início da intervenção federal que afastou do comando a ex-governadora Suely Campos, em dezembro do mesmo ano. Após 21 dias à frente da gestão do estado como interventor federal, em 1º de janeiro de 2019, o político tomou posse do cargo.
Durante seu primeiro discurso como governador, logo após tomar posse, Denarium relatou a apresentação de um plano de recuperação fiscal ao governo federal, a realização de uma reforma administrativa e a geração de emprego e renda.
Perto de uma nova eleição, o então governador enfrenta problemas na área eleitoral e coleciona algumas polêmicas.
Mudanças na Sesau
A atuação da Secretaria de Saúde de Roraima (Sesau) durante o governo Denarium ficou marcada pela pandemia da Covid-19 e as várias mudanças no comando da pasta. Em quase quatro anos, a Sesau já passou por dez trocas de comando - sete durante a pandemia.
Desde janeiro de 2019 já passaram pelo cargo os médicos Ailton Wanderley e Allan Quadros Garcês e os coronéis do exército Antônio Élcio Franco Filho e Olivan Pereira Melo Júnior. Além deles, também ocuparam o comando da pasta Airton Cascavel, suspeito de estuprar uma jovem em Santa Catarina, e o contador e Bacharel em Direito, Leocádio Vasconcelos.
Atualmente, o cargo é ocupado por Cecília Lorezon, que já havia passado pelo comando em 2019, mas foi exonerada em meio à greve de enfermeiros que exigiam melhores condições de trabalho.
Colapso na Saúde
Em junho de 2020, durante os primeiros casos de coronavírus, Denarium estimou cerca de 300 mortes pela doença até o fim da pandemia. A informação foi dada por ele em entrevista ao G1. Quase dois anos depois, as mortes por Covid ultrapassam em sete vezes a estimativa do governador e chegaram a marca de 2.152, conforme o boletim epidemiológico da última quarta-feira (25 de maio).
Durante o ano passado, o Hospital Geral de Roraima (HGR), unidade referência no tratamento da Covid-19, registrou alta na ocupação dos leitos de UTI, que chegou a taxa de 100%.
No enfrentamento à Covid, o governador, embora tenha se posicionado ao lado de Bolsonaro, afirmou que incentivava a população a se vacinar. Mas, inúmeras vezes apareceu em público sem usar a máscara de proteção e colocou a culpa na baixa adesão dos roraimenses à vacina às prefeituras municipais.
Suspeita de agiotagem
No último domingo (22 de maio), o portal de notícias Veja publicou uma reportagem sobre uma acusação de agiotagem contra o governador Antonio Denarium. A suspeita veio à tona no ano passado, após um madeireiro apresentar uma notícia-crime ao Ministério Público de Roraima (MPRR).
À época, o madeireiro explicou que a empresa do governador atuava de forma ilegal e como uma “verdadeira agência de emprestimento bancário, fazendo agiotagem e cobrando juros acima do praticado pelos bancos”.
A reportagem tentou contato com a Secretaria de Comunicação do governo na tarde desta sexta-feira (27 de maio ) para falar sobre a acusação, mas não obteve retorno.
A prática ilegal também foi apontada pelo então deputado Jalser Renier durante o processo de cassação do parlamentar, em fevereiro deste ano. Jalser chamou Denarium de “agiotazinho safado”, durante uma sessão ordinária, na Assembleia Legislativa de Roraima (Ale-RR).
Multas por propaganda eleitoral
Há poucos meses da eleição, Antônio Denarium já foi multado três vezes por propaganda eleitoral antecipada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
As condenações tiveram início em março deste ano quando o governador foi incumbido de pagar uma multa de R$ 10 mil por publicar nas redes sociais da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) uma pesquisa eleitoral ilegal, que o comparava com Teresa Surita (MDB), sua principal adversária nas eleições de 2022.
Dez dias após a ação, o governador foi obrigado pelo TRE a retirar publicações com propaganda eleitoral antecipada das suas redes sociais.
Na mais recente ação, em maio deste ano, ele foi condenado a pagar R$ 5 mil de multa por "violar o princípio constitucional da impessoalidade ao se promover dentro de escolas públicas estaduais" e divulgar propagandas em sua conta no Facebook.
O pirmeiro turno das eleições para o governo do estado está previsto para o dia 2 de outubro deste ano, mas os pré-candidatos já iniciaram a disputa ao cargo. O Pastor Isamar (PTB), a ex-prefeita de Boa Vista Teresa Surita (MDB), Rudson Leite (PV) e o presidente do PSOL, Fábio Almeida, já anunciaram que também pretendem concorrer ao cargo.
No dia 11 de maio, o atual governador realizou o lançamento de sua pré-candidatura ao governo de Roraima. O evento aconteceu no Centro de Tradições Gaúchas (CTG) e reuniu mais de 14 mil pessoas.
* Conteúdo experimental desenvolvido na disciplina de JOR53 - Jornalismo Especializado I.
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