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Mosca da Carambola: Um ser pequeno, prejuízo grande

Por: João Vianna

Arte: João Vianna

A Bactrocera carambolae, também conhecida como mosca da carambola, de origem Asiática, chegou à América do Sul pelo Suriname, onde foi detectada pela primeira vez em 1975, do Suriname foi para Guiana Francesa, da Guiana Francesa entrou no Brasil pelo estado do Amapá, no município de Oiapoque em 1996. A mosca da carambola é umas das principais barreiras fitossanitárias para a exportação do agronegócio e fruticultura, várias espécies de frutas e legumes servem como hospedeiro para a mosca, tais como: Manga, acerola, goiaba, laranja, sapoti, jambo vermelho, pimenta de cheiro e etc., Totalizando 45 hospedeiros, a mosca da carambola é uma praga quarentenária, ou seja, mesmo sob controle, ainda constitui uma ameaça para produtores agrícolas, que ficam impossibilitados de exportar os seus produtos.

Para evitar a contaminação, agentes do Ministério da Agricultura trabalham para monitorar e fazer ações de controle. Estudos apontam que caso a praga se disperse para áreas produtoras de laranja, manga e goiaba, os prejuízos podem atingir a marca de mais de 500 milhões por ano.

Arte: João Vianna

A MOSCA EM RORAIMA

O ataque da mosca da carambola provoca perdas na economia, pois os frutos infestados têm seu desenvolvimento afetado e caem apodrecidos no chão. Em 2018, onze municípios de Roraima, com o foco da mosca foram liberados para comercializar frutos. Entretanto, em junho deste ano o Estado de Roraima foi proibido de exportar frutos como manga e acerola por tempo indeterminado, depois de o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) ter declarado oito regiões de Roraima como áreas de quarentena para a contaminação da mosca, segundo a resolução Nº 6, de 13 de junho de 2019 , os municípios de Uiramutã, Normandia, Alto Alegre, Bonfim, Pacaraima, Amajari, Mucajaí e o norte de Roraima estavam impossibilitados de comercializar as safras de frutas até o erradicamento da praga. De acordo com o diretor de defesa vegetal da Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (ADERR), Marcelo Parisi, nesta época o prejuízo causado pela mosca foi de 1,5 milhão e quase 600 toneladas de frutos descartadas.


“Em junho, identificamos a mosca no norte do Estado, e até o começo de setembro estava em quarentena apenas a safra de manga e de laranja na parte centro-norte do estado” relatou.


Arte: João Vianna


E AGORA JOSÉ?

Infelizmente a verba para o combate a mosca da carambola não foi repassada para o Estado de Roraima, complicando ainda mais a situação econômica e agrícola do estado, estima-se que cada barreira instalada nas “Zonas Tampão”, ou seja, áreas usadas para filtrar os estragos da praga, custem em média 50 mil reais, e 1,8 milhões ao ano. Ainda assim, com apoio das cooperativas e dos produtores, foram instalados protocolos determinados pelo Ministério da Agricultura.

“O protocolo de prevenção, visa resumidamente, a instalação de armadilhas, combate com produto específico para a mosca, instalação de postos de vigilância sanitária e fiscalizações, com um trabalho conjunto, logo o nosso estado estará livre dessa praga” finaliza Parisi.


Os postos de fiscalização, estão localizados nos municípios de Bonfim, Pacaraima, Alto Alegre, na região do Murupu, Recrear, Passarão, Jundiá, no aeroporto e rodoviária. Além do monitoramento de aproximadamente 3.000 armadilhas em todo o estado.


Arte: João Vianna

MOSCA, VIDA CURTA, DEVASTADORA E INIMIGO NATURAL

O período gestativo dura de 1 a 2 dias, a fase larval de 6 a 9 dias e a fase de pupa de 8 a 9 dias. Em sua fase adulta, a mosca da carambola mede entre 7 a 8 milímetros de comprimento, a parte superior do tórax é de cor negra, o abdomem é amarelo, marcado por listras negras que se encontram em formato de “T”. A idade de acasalamento dos adultos é atingida 8 a 10 dias após a formação. As fêmeas fazem buracos em frutos verdes ou próximos ao amadurecimento e podem depositar de 3 a 5 ovos. As larvas passam por três estágios dentro do fruto, alimentam-se da polpa, produzindo túneis. Deixam o fruto no final do 3º estágio, geralmente isso ocorre quando o fruto já está caído no solo. A pupação ocorre no chão, de 2 a 8 cm de profundidade. A duração da fase de pupa depende da temperatura e umidade do solo. Após 15 dias os adultos eclodem dos pupários e iniciam a atividade de vôo após suas asas secarem, alimentam-se de frutos em decomposição, néctar de plantas, excremento de aves, e outras substâncias. A mosca vive em média 40 dias, e pode colocar até 1.000 ovos ao longo da vida.



Foto reprodução: http://tudoparanatureza.blogspot.com
Foto reprodução: http://tudoparanatureza.blogspot.com


Dentre os inimigos da mosca da carambola, as Vespinhas (himenópteros parasitóides) se destacam como os mais efetivos. Eles colocam seus ovos dentro das larvas das moscas que infestam os frutos, causando a sua morte. Isto reduz a população da mosca, aumentando a eficiência de outras técnicas de erradicação, tais como o venenos e outros fungos letais a mosca.




COMO A POPULAÇÃO PODE AJUDAR?

Apesar de ser um assunto sério e de previsões catastróficas, campanhas adotadas pelo Governo não consegue atingir a parte da população que não está inserida nesse contexto, que acaba não conhecendo o real perigo que o transporte de um fruto contaminado possa trazer. A funcionária de uma empresa privada, Alexandra Pontes, 42 anos, relata um transtorno vivido por conta de frutos barrados na barreira de fiscalização no município de Bonfim.


“Eu estava com seis mangas na minha sacola, ia levar para casa, quando cheguei na barreira, um homem do governo disse que eu não poderia levar as mangas para Boa Vista, então eu me sentei na calçada e comi as mangas na frente dele” relembra.


Em situação semelhante, o acadêmico de Comunicação Social e Jornalismo da Universidade Federal de Roraima, Taígo Araújo, narra as dificuldades de trazer um único Jambo Vermelho da cidade Normandia.


“Quando mostrei o Jambo na fiscalização, o agente me disse que eu não poderia levar, mas poderia comer, então tive que comer o jambo ali mesmo” disse.


Casos assim não são raros, cuidado com o transporte de frutas, incentivos de pesquisas na área, maior espaço na imprensa, planos de controle, panfletagem sobre o assunto e palestras em locais públicos, deveriam ganhar a devida atenção dos representantes do governo. O conhecimento

“Depois eu fui me informar o que era essa mosca, e entendi o motivo de tanta preocupação e daquele pobre coitado que tentou pegar o meu jambo” completa Taígo.

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