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Observatório do Mercúrio: plataforma reúne estudos e informações sobre garimpo na Pan-Amazônia

Na plataforma é possível fazer uma navegação georreferenciada que facilita a localização das atividades mineradoras


Divulgação/Exército Brasileiro

As violentas invasões de garimpeiros em terras indígenas, como as sofridas pelo povo Munduruku, no Pará, e pelos Yanomami, em Roraima, não são exceção, mas sim uma amostra do cenário atual da Amazônia.


O Observatório do Mercúrio, plataforma georreferenciada lançada na semana passada, que reúne estudos sobre o mercúrio e dados referentes à exploração de ouro, mostra a grande quantidade de garimpo legal e ilegal em TIs (Terras Indígenas).

A plataforma abrange não só a Amazônia brasileira, como toda a Pan-Amazônia (que inclui outros países com floresta amazônica) e mostra a mesma pressão sobre povos indígenas na Colômbia, Guyana e Bolívia.


Além da terra Munduruku, no Pará, é possível localizar atividades de mineração, por exemplo, na área dos Menkragnotí; na TI Baú, do povo Kayapó; e na TI Xikrin do Cateté. No Maranhão, há garimpo bem no limite da TI Alto Turiaçu; no Amazonas, nas TIs Marapi, Rio Biá, Waimiri-Atroari, entre outras.


A condição se repete em todos os estados brasileiros e países com floresta amazônica, como a TI Pilón Lajas, na Bolívia.


Navegação


Na plataforma é possível fazer uma navegação georreferenciada por meio de camadas, o que facilita a localização espacial das atividades mineradoras. Por exemplo, ao escolher as camadas Municípios, Mineração, Mineração ilegal, Contaminação por mercúrio em humanos e Contaminação por mercúrio em peixes, é possível visualizar as regiões onde foram feitos estudos que apontam contaminação por mercúrio e as áreas de garimpo.


Junto com o garimpo e a violência chega também o mercúrio, metal utilizado para separar o ouro de outros sedimentos. Ele se soma ao mercúrio que também está presente na natureza e é liberado à atmosfera pelo desmatamento, queimadas e alterações provocadas pelo homem, alcançando níveis prejudiciais à saúde.


A ativista do movimento indígena de Roraima Jama Wapichana tem acompanhado de perto a complexa e criminosa cadeia do garimpo, e cita os problemas enfrentados pelos Yanomami.


“Os parentes dessa etnia acabam por sair do território destruído pelo garimpo e vão para as cidades com a família toda, sem qualquer apoio. A falta de um mínimo de condições de vida os leva ao álcool, ao suicídio. Muitos se jogam na frente de veículos na estrada para se matar”, diz.


Por trás do garimpo fica o rastro de destruição e a perda da cultura e do modo de vida de diversos povos.


“Não falo só dos indígenas. A população ribeirinha e a das cidades depende da saúde dos nossos rios. O principal deles, o rio Branco, recebe a contaminação do garimpo por meio de seus afluentes e, por sua vez, vai desaguar no rio Negro. O rastro de destruição é muito grande.” Jama explica que, além de comando e controle, faltam políticas públicas que também garantam a autonomia, saúde e vida digna aos povos indígenas.


“Os povos indígenas precisam de segurança e instituições fortes a favor deles para que possam continuar lutando por suas terras e enxergando um futuro digno em seu modo tradicional de viver.”


Fonte: WWF-Brasil

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