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Arte em ação: cenário das artes cênicas em Roraima, visões e dificuldades em tempos de resistência.

Por: Luiza de Lucas.

Atualmente em Boa Vista, o panorama para os amantes da arte da atuação é escasso, porém com o passar dos anos, pequenos núcleos e organizações entre atores e diretores vêm surgindo para ocupar essa lacuna.

Companhias como Cia Meio Fiu, Cia Zefiro e Cia Arteatro são os nomes mais conhecidos desse meio em todo o estado. Geralmente seus palcos consistem em apresentações convidadas de eventos culturais e saraus, ou até no teatro Jaber Xaud- Sesc Mecejana. Eventualmente neste palco ocorrem apresentações de outros coletivos de teatro de todo o Brasil, por meio do Palco Giratório, um projeto cultural do Sesc que busca o intercâmbio interestadual de espetáculos de diversos segmentos e abordagens de companhias que muitas vezes não possuem recursos para essa troca de conhecimentos.


Companhias roraimenses e fomento



(Arte: Luiza de Lucas)

Ao falarmos de incentivo à cultura, Silmara Costa, organizadora do Cia Arteatro que existe desde 1993, diz que por mais que tenham apoio do Banco da Amazônia, o espaço das artes cênicas e Roraima é difícil em questão a produções e fomentação.

"a gente tinha um amplo processo pra cultura até 2014, depois a gente começou a ter alguns problemas em relação na questão do fomento, de políticas públicas pro setor cultural. (...) hoje a gente tem muita dificuldade de captar recurso porque não um edital específico"


O infográfico ao lado discorre sobre fundos de fomento, leis e projetos governamentais para o incentivo à cultura e artes cênicas, com dados do Governo Federal, suas diferenças e suas devidas funções perante o desenvolvimento da arte no país.


Em entrevista, Hander Frank, representante da Cia Meio Fiu fala que desde a abertura do Teatro Municipal, surgiu um novo fôlego para grupos de dança e teatro tenham incentivo para movimentarem mais sua arte no estado. E que apesar da falta de atenção por parte do governo sobre esses investimentos que constam no papel, mais grupos estão surgindo para ocupar mais espaços nas artes cênicas no estado.

“É triste, mas a galera vem resistindo. Hoje a gente (Roraima) tá com 7 grupos de teatro, nós temos um fórum de dança”

Hander diz que a Cia Meio Fiu mantém uma comunicação com outras companhias de teatro, como por exemplo, anteriormente já realizou algumas parcerias com Criarte e Cia Arteatro, mas ainda sente a falta da representatividade no meio.

“A gente tá sempre em conversação com outros grupos, participando de encontros e reuniões. Nossa comunicação é mais falha com os grupos que não participam dessas reuniões e desses encontros. Não tem como ter muita comunicação se as pessoas não frequentam os espaços de discussão de disseminação, de um pensar sobre a cultura.”

O ator reforça também que atualmente a cultura vem sendo cada vez mais desvalorizada, e diz que uma das maiores dificuldades de tentar empreender nas artes cênicas e na arte em geral, é justamente o desmerecimento do profissional da arte, que a sociedade entende isso como uma brincadeira, realmente não enxergam todo o trabalho envolvido nessa profissão, o que reflete diretamente na maneira que os governantes enxergam a arte.


Esses coletivos artísticos vem como uma contracorrente na retomada da valorização da arte, na valorização dos espaço, pois segundo Hander, é extremamente difícil sustentar e realizar espetáculos e demais apresentações artísticas se o governo não entende a arte como algo importante de ser incentivado na sociedade.


Artes cênicas como terapia e estudo


Em um questionário feito com 40 pessoas, mostra os índices de pessoas que já assistiram peças de teatro, os lugares mais comuns onde ocorrem e o interesse dos entrevistados em participar ativamente desse processo artístico para que eventualmente venham a contribuir tanto no fomento quanto na luta e incentivo à visibilidade artística.


82,5% dos entrevistados já assistiram a uma peça teatral, e 42 pessoas presenciaram apresentações em escolas ou nos teatros de Boa Vista, Teatro Municipal, Jaber Xaud ou Carlos Gomes (desativado).


Já ao questionar os entrevistados sobre vivências ativas no teatro, 55% disse que nunca havia feito qualquer tipo de oficina ou aulas de teatro, mas que teriam interesse. Dentre todas as demais alternativas desta pergunta, a única que não houve nenhum voto foi a "Não, pois não tenho interesse".


A última pergunta que elaboramos para o não era obrigatória, sua indagação era “Pra você, qual a importância das artes cênicas na formação e desenvolvimento de jovens?”, obtivemos um total de 30 respostas anônimas, seguem em slide algumas das respostas coletadas.


Como vemos, muitos dos entrevistados falaram da importância, ressaltaram o desenvolvimento e aprimoramento de habilidades interpessoais e conhecimento da realidade, como também o autoconhecimento. Criar debates e redes de apoio também foram pontos que apareceram em diversas falas, mas o mais pontuado foi o fato do teatro ser um meio terapêutico para lidar com a saúde mental. Gabriel Taveira, acadêmico do sexto semestre de psicologia aborda a arte como meio alternativo para incentivar o pensamento racional da realidade.


Taveira fala da importância da reflexão, de se colocar fora das situações e encarar com olhos de outros personagens, nos faz pensar com maior clareza as situações nas quais nos encontramos.


“Acredito que a importância das artes cênicas seja de transmitir e encaminhar mensagens, sejam positivas ou negativas. Eu como estudante de psicologia e como pessoa, enxergo a arte como um transportador, ela leva, encaminha algumas coisas para que as pessoas entendam (...) pra quem gosta, traz a reflexão, porque como hoje em dia tá todo mundo no automático, a gente perde esse hábito de refletir sobre as coisas”

Clarissa Melo é uma jovem roraimense que tem muito interesse nas artes cênicas e cinematografia, e foi pensando nisso que ela se mudou para o nordeste brasileiro para estudar Teatro na Universidade Federal de Sergipe, e conta um pouco do seu relacionamento com as artes no nordeste.


A acadêmica fala que seu amor pelas artes veio pela vontade de trabalhar com ela e entender as engrenagens por de trás da arte. Em Roraima nunca participou de nenhum grupo de artes cênicas ou cinematografia em geral, e diz que a falta do curso de Teatro em Boa Vista pode ser visto como uma falta de incentivo.



(Foto: Luiza de Lucas)

“Apesar de estar atualmente no teatro (curso), meu maior desejo é o cinema, já tive várias experiências diferentes estando à frente, tanto no teatro como na dança e tenho pra mim que nunca consigo passar o necessário pro público, isso me faz pensar que estar por trás das câmeras vai ser a minha melhor maneira de contribuição pras artes.”

O que é compreensível, já que para ser um cinematógrafo, é necessária a perspectiva do objeto, do ator.



Incentivo do povo para o povo


A Cia Arteatro, por meio da ação social Usina, Café e Cultura, realiza desde setembro deste ano, oficinas de contação de histórias (a qual já foi finalizada) e dramaturgia abertas ao público em geral, e conta com o Patrocínio do Banco da Amazônia.


A oficina de dramaturgia ocorre as segundas e quartas de 30/09 a 27/10, das 19 às 22h no Espaço Usina, Café e Cultura, localizado na Rua Raio Solar, 509, Jóquei Clube. As inscrições podem ser realizadas através dos telefones (95) 99111-1883 e (95) 99148-4388.

Já a Cia Zefiro, que ralem de teatro também trabalha com dança e circo, vem com uma proposta diferente. Em julho deste ano lançaram aulas de teatro pagas, onde ensinaram desde o básico, atuação, desenvolvimento e montagem de espetáculos. Para ficar por dentro de futuras propostas de oficinas e aulas da Cia Zefiro, acesse o instagram da companhia @ciazefiro.

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