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Dia Mundial do Hip Hop: Conheça mais sobre a expressão cultural das ruas

Atualizado: 13 de nov. de 2019


Por Glenda Dinelly*


Na última terça-feira (12) foi comemorado o Dia Mundial do Hip Hop. Gênero, expressão artística ou movimento cultural, que além de musical está atrelado a uma subcultura própria, e engloba não somente a música, mas as artes, o graffiti, o cinema, a moda e tem linguagem própria (gírias), entre outros.

Arte: Glenda Dinelly

Originalmente norte-americano, o hip hop é um estilo de viver e fazer arte que nasceu nas ruas, a partir de confrontos e câmbios culturais espontâneos, no início dos anos 70. De lá pra cá, espalhou-se pelo mundo.


Pode-se dizer que a partir dessa cultura musical derivaram outras subcategorias, que lhe são essenciais e a compõem: o Rap (Rytmn and poetry ou ritmo e poesia, traduzindo para o português), o DJing, o breakdance e a arte do graffiti.


O Hip Hop lança a moda das ruas com sua filosofia de vida, os elementos falam sobre o dia a dia, a sociedade, as relações pessoais e urbanas, e todo e qualquer assunto que seja pertinente, principalmente sobre vida dos jovens e sua forma de ver o mundo. Os versos das músicas são elaborados com batidas rítmicas próprias, criativas, explosivas, agressivas, melódicas, e por diversas vezes, improvisadas. O que eleva bastante a qualidade dos artistas e do conteúdo das letras e canções.

COMO TUDO COMEÇOU – CONTRACULTURA AO SISTEMA


Apesar de ter início nos bairros mais afastados das grandes metrópoles dos Estados Unidos como Nova Iorque, o hip hop leva também em sua carga genética elementos das comunidades latinas e afroamericanas. Os redutos onde boa parte da comunidade imigrante se estabeleceu naquele país. Foi nos subúrbios negros e latinos da cidade nova-iorquina que o gênero surgiu, como contracultura ao sistema.


Assim como quase toda grande cidade, Nova Iorque enfrentava, até então, grandes problemas, como a pobreza, os altos índices de criminalidade, o racismo, e a falta de uma série de outras melhorias, que no decorrer do tempo fizeram da cidade um lugar violento.

As ruas eram o único lugar de prazer dos jovens, que não recebiam educação de qualidade e tinham grande carência de infraestrutura. As gangues eram outra problemática encontrada, no auge dos anos 70, Nova Iorque encontrava sérios problemas sociais recorrentes.



Banksy é um misterioso artista inglês, que espalha seus trabalhos ao redor do mundo. Na imagem, criada em Londres (2012), o artista faz uma forte crítica ao capitalismo. Foto: reprodução

Os primeiros locais de concentração do Hip Hop foram os conhecidos Disc Jockey, no South Bronx. Um dos temas mais relevantes que frequentemente eram colocados pelo hip hop era a política, logicamente temas mais banais, ou referentes ao sexo e às drogas também eram elementos encontrados nas narrativas artísticas.


A violência foi bastante canalizada pelas gangues durante muitas décadas naquelas regiões, porém, não só de violências vivia o hip hop. A arte, a cultura, as pinturas, danças, a poesias, as colagens, os lambe-lambes, tudo foi manifesto atrás desse modo de expressão humana.




RAP É COMPROMISSO, NÃO É VIAGEM


A Zulu Nation foi a primeira organização, que criada em 12 de novembro de 1973, tinha como principal interesse o Hip Hop, uma vez que através da arte conseguiram suprimir diversos problemas, especialmente a violência.


Com o passar do tempo, muitas gangues trocaram as armas pelos passos de danças, como o break. As batalhas, não eram mais as trocas de tiros, a partir do hip hop elas foram substituídas por ‘batalhas’ musicais e competições artísticas que foram capazes de pacificar regiões de grandes índices de violência. Até hoje ‘batalha’ é um termo usado no hip hop nos eventos em que um enfrenta o outro com as melhores rimas no rap.


Com o passar do tempo, muitos termos originários dessa cultura tornaram-se comuns em outros lugares e ganharam o mundo. Como por exemplo: DJs, MCs, Rap, Freestyle, sampler, loop, Techno, graffiti, entre outros.


EXISTE AMOR EM SP


No Brasil, é São Paulo que emerge como o berço do Hip Hop, dez anos após a sua criação nos EUA. As ruas mais conhecidas por isso são a 24 de Maio e o Metrô São Bento, verdadeiro redutos dessa cultura. Assim como a capital paulista, o Rio de Janeiro e Brasília possuem grande expressão até hoje. No país o hip hop tem se tornado cada vez mais popular, graças à disseminação da própria internet e fácil acesso inclusive aos artistas mais undergrounds.


OS MANOS

Ao longo das décadas muitos artistas nacionais surgiram derivando sua arte através do Hip Hop, entre eles, Racionais MC’s, Sabotage e Mano Brown. Outros mais novos emergiram disparando canções como as mais tocadas nas rádios e plataformas de stream: Emicida, MV Bill, Criolo, Projota, Hungria Hip Hop, Rincon Sapiencia, Black Alien, Rael, Marcelo D2, Tribo da Periferia, Oriente, Haikaiss, Apocalipse 16, Sant e diversos outros.


AS MINAS

O Hip Hip como cultura sempre foi muito inclusivo, especialmente para as minorias, muitas mulheres encontraram na arte formas de quebrar padrões, estereótipos e preconceitos através do feminismo e politização dos problemas sociais e as resistências da mulher negra, são elas: Flora Matos, Negra Li, Karol Conka, Yzalú, Cyntia Luz, Slik, Drik Barbosa.



OS MANOS DE RORAIMA - BANDA WESTBORDO


O Rede Amazoom conversou com a WestBordo, banda de rap boavistense, composta por Garrett e Mordock. A banda surgiu no começo de 2016, com os primeiros trabalhos lançados um ano após sua formação. O rapper Garrett, é aluno calouro do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Roraima e explicou um pouco sobre a cultura do Hip Hop, confira!


PERFIL

Foto: Arquivo pessoal - Arte do Mixtape Montanha Russa

Nome: WestBord

Integrantes:

Garrett (Filipe), 20 anos.

Mordock (Vinicius), 17 anos.

Vitalli (Ryan, ex-integrante), 20 anos.


Rede Amazoom: Como surgiu a banda? Fale um pouco sobre vocês, a composição do grupo, motivações...

Garrett: Surgiu no começo de 2016, mas, nossos primeiros trabalhos lançamos um ano depois. A WestBordo tem esse nome em referência à região da cidade onde o grupo surgiu (Zona Oeste). Nossas composições são originais, os três integrantes do grupo escrevem.

Rede Amazoom: Fale um pouco sobre vocês, a composição do grupo, motivações...

Garrett: Nossa motivação para iniciar foi o nosso amor que temos pelo Rap e pela cultura Hip Hop. Onde nós três, os integrantes do grupo tivemos nosso primeiro contato com rap mesmo foi em batalhas de Mc's. E como a gente tinha várias coisas em comum, como rappers favoritos, gosto de escrita, resolvemos criar o grupo.

Rede Amazoom: Como vocês apresentam o Rap no cenário de Roraima?

A gente apresenta o Rap na cena de Roraima da maneira mais "Underground" ou seja, falando sobre o que vivemos e até mesmo o que a gente vê outras pessoas vivendo e o que queremos viver também, com letras agressivas e líricas.

Rede Amazoom: Quais temas vocês mais representam nas letras, as temáticas que mais abordam?

Nas nossas letras abordamos diversos temas, desde de um trap comercial, love song, um rap mais lírico e também agressivo com as famosas "Punch lines". Então, sempre tentamos fazer vários estilos.

Rede Amazoom: Qual a representação do Rap e do Hip Hop na vida de vocês? A significação dele para vocês...

Garrett: Mudou as nossas vidas, é um refúgio para nós, onde podemos expressar através das letras os nossos pensamentos ou até as emoções. Eu sempre gostei de escrever poesias, e o rap só me deu um espaço através de ritmo onde eu poderia me expressar mais. O hip hop, a cultura, ela foi muito importante, não é à toa que dia 12/11, ou seja ontem, foi o dia mundial do Hip Hop.

É possível acompanhar a banda pelas redes sociais @west_bordo, lá tem o link para os conteúdos que eles já lançaram. Vale a pena conferir.


Abaixo você encontra "Comunicado" produzido pelo Westbordo em 2019.




GRAFITA RORAIMA


Nos dias 14 a 17 de novembro de 2019, ocorrerá na capital de Boa Vista, o VI Grafita Roraima, que este ano acontecerá nos abrigos que acolhem imigrantes, os contemplados são do Jardim Floresta e Pintolândia.


A Programação será fechada para o público interno do abrigo nos dias 14 e 15 de novembro, e acontecerá na parte interior, haja vista as regras do local. No entanto, nos dias 16 e 17 de novembro as atividades do evento serão abertas ao público em geral.


Está previsto para a programação rodas de conversa com os artistas no dia 14 no Complexo das Artes (UFRR) e batalhas de B. boy no dia 16, com confirmação do local no dia do evento.



II Grafita Roraima (2015) na UFRR Foto: Reprodução Instagram @grafitaroraraima

Entre os artistas de rua e tatuadores estão confirmados: Campis (Gabriela Campelo), que faz arte de rua desde 2013 e trabalha com graffiti, os artistas Ton, Folha, Jubs, Rickse Eduardo Queiroz. Foram convidados artistas venezuelanos, Gênova Alvarado, artista visual e produtora cultural, a artista de rua Afronativa e o artista Fredixon A. Escobar.


O Grafita Roraima teve sua primeira edição em 2013, com a participação de artistas do Amazonas e Roraima. Em 2015, o evento começou a contar a participação de artistas da Venezuela, como o Coletivo MuralEja. É possível encontrar, ainda hoje, grafites das edições anteriores nos blocos da UFRR. Outros grafites

O acadêmico de Jornalismo da UFRR, Willians Dias em frente a um graffite no Parque Anauá, na casa de Capoeira Grupo Senzala. Artes de rua tornaram-se comuns em Boa Vista - Foto: Arquivo pessoal


Muitas expressões artísticas encontradas nas paredes da Universidade Federal de Roraima, em escolas estaduais, parques, praças e espaços urbanos que formam a paisagem local são resultados dos anos anteriores em que o evento deixou seu traço através da arte rua. Mais informações em @grafitaroraima


HIP HOP É CULTURA DIMENSIONAL


Painel gigante em Boston (EUA), criado pelos irmãos de São Paulo, Os Gêmeos. / Reprodução: Hypeness


Pode-se dizer que o Hip Hop é dimensional, mescla elementos e artefatos culturais latino-americanos, afro-americanos e caribenhos. Para entender o hip hop como cultura e expressão artística é necessário compreender o contexto social ao qual ele se insere. Os problemas sociais, políticos são especialmente os principais elementos que caracterizam o seu constructo que é capaz de ocasionar grande impacto social.


Nas ruas e contextos urbanos undergrounds é possível notar a presença dos graffitis, eles estão sempre lá, seja aos olhos mais atentos ou dos mais despercebidos. Nos murais, nas paredes das escolas, nas universidades, nos viadutos, sempre representando algum problema social, apresentando uma crítica ácida sobre as estruturas de poder dominante, ou simplesmente a representação da mais pura arte de rua.

A ativista paquistanesa Malala, vencedora do Prêmio Nobel da Paz, homenageando a ex-vereadora Marielle Franco, morta no dia 14 de março de 2018. Até hoje não se sabe quem mandou matar Marielle. O graffite constrói narrativas únicas. Foto: reprodução


Há quem confunda ainda grafitagem com pichação, e torça o nariz. Mas o fato é que o grafite é capaz de mudar o cenário, fazer florescer esperança em locais pouco assistidos, além de gerar crítica social. Coisas que só a arte é capaz de proporcionar.





* Glenda Dinelly é aluna do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Roraima, 5 semestre - Instagram: @glenda__________

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