Roraima registra 95% mais fogo de janeiro a abril
Lavrado roraimense concentrou a área queimada no período, explicam pesquisadores; transição do fenômeno La Niña também pode ter contribuído para aumento. Roraima registrou alta de 95% na área queimada de janeiro a abril de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado. O estado foi o que mais queimou no Brasil: foram 1 milhão de hectares atingidos, equivalentes a 72% de tudo o que queimou no país neste quadrimestre. Os dados divulgados nesta terça-feira, 16, são do Monitor do Fogo, iniciativa do MapBiomas em parceria com o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). Acesse o boletim mensal com os destaques de abril e do quadrimestre . Os municípios Normandia, Pacaraima e Boa Vista tiveram a maior área queimada entre todas as cidades brasileiras: 331 mil hectares, 245 mil hectares e 140 mil hectares, respectivamente. “Em particular, a região do lavrado de Roraima representou cerca de 93% da área queimada no estado nesse período. O lavrado é caracterizado por campos abertos e vegetação rasteira, composta principalmente por gramíneas e arbustos, sendo mais adaptado ao uso do fogo. Nessa região, muitas plantas dependem do fogo para a liberação de sementes e remoção de competidores”, diz Felipe Martenexen, pesquisador no IPAM. As regiões de lavrado, ao nordeste de Roraima, compõem um tipo de savana amazônica que se estende pela Guiana e Venezuela. As características geográficas e climáticas da Amazônia diferenciam esse ecossistema das savanas do Cerrado. Fenômeno La Niña Pesquisadores avaliam que uma fase mais amena do evento climático La Niña, direcionada para o fim do fenômeno neste ano, seria, ao menos em parte, a explicação para os números elevados. “Um dos fatores que pode ter contribuído para o aumento está relacionado à transição do La Niña, que durou três anos, para uma condição de neutralidade. O La Niña traz mais umidade para a Amazônia, o que dificulta a propagação do fogo. No entanto, é importante ressaltar que a relação entre esse fenômeno e a ocorrência de queimadas também pode ser influenciada por atividades humanas, práticas agrícolas, e políticas de prevenção e controle de incêndios, por exemplo”, explica o pesquisador.
A Amazônia brasileira teve alta de 65% na área queimada de janeiro a abril de 2023 em comparação com os quatro primeiros meses do ano anterior. O bioma teve 1,3 milhões de hectares atingidos pelo fogo, ou 91% de tudo o que queimou no Brasil no período.
Cenário nacional
Mato Grosso e Pará foram o segundo e o terceiro estados com maior área queimada, com 113 mil hectares e 81 mil hectares atingidos pelo fogo, respectivamente. Junto com Roraima, os três somaram 85% da área queimada no Brasil nos quatro meses. Ao todo, o Brasil teve 1,4 milhões de hectares queimados de janeiro a abril, uma área 48% maior do que a registrada no mesmo período de 2022. De tudo o que queimou no país, 71% era vegetação nativa e 7,5% eram pastagens de uso agropecuário.
Segundo bioma mais queimado, o Cerrado teve 86 mil hectares atingidos pelo fogo, ou 7% da área queimada do país no período. É um aumento de 10% em relação a 2022. Metade do fogo, 43 mil hectares, ocorreu em abril.
”O bioma Cerrado apresenta os maiores índices de chuva nos primeiros meses do ano, o que resulta em menor área queimada. As queimas prescritas são realizadas durante esse período como parte da estratégia de prevenção de incêndios florestais do MIF, o Manejo Integrado do Fogo”, acrescenta Vera Laísa Arruda, pesquisadora no IPAM.
Fonte: IPAM