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Lideranças indígenas participam de capacitação para monitoramento via satélite de Terras Indígenas

Cursos ministrados pelo IPAM e Projeto Bem Viver (CIR/IEB/NCI) ocorreram no Instituto Insikiran/UFRR, em Boa Vista. Novas ferramentas visam auxiliar os indígenas a melhorar gestão territorial, além de monitorar avanço de queimadas, invasões, desmatamento e garimpo ilegais. Lideranças indígenas e colaboradores do Departamento Ambiental do Conselho Indígena de Roraima (CIR) participaram semana passada de duas capacitações para a utilização de ferramentas de análise de monitoramento ambiental e territorial de Terras Indígenas utilizando dados de satélites. Os cursos, realizados em parceria pelo projeto Bem Viver e o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), capacitaram 17 indígenas Macuxi e Wapichana para utilizarem o Sistema de Observação da Amazônia Indígena (Somai) e Alerta Clima Indígena (ACI) na gestão de Terras Indígenas (TIs). As aulas ocorreram nos dias 6 a 8 de dezembro no Instituto Insikiran da Universidade Federal de Roraima (UFRR), em Boa Vista. Participaram dez lideranças indígenas, incluindo mulheres e jovens, de seis Terras Indígenas, das regiões Raposa, Baixo Cotingo, Surumu, Serra da Lua, Tabaio, Murupu, São Marcos, e Alto Cauamé, além de sete integrantes do Departamento Ambiental do CIR. Os cursos foram divididos em módulos que abrangeram desde a compreensão das plataformas SOMAI e ACI, à apresentação e coleta de bases de dados, e a prática de elaboração de mapas. Os participantes aprenderam a utilizar as plataformas em computadores e smartphones. A pesquisadora do Ipam, Martha Fellows, ressaltou que os cursos tiveram o objetivo de facilitar o acesso a novas tecnologias para apoiar a autonomia dos indígenas na gestão dos territórios, além de auxiliar no combate às atividades ilegais que ameaçam as TIs. “Os indígenas já fazem trabalhos de monitoramento, de vigilância, e os treinamentos fortalecem tanto o trabalho do CIR, quanto também de quem está lá nas comunidades, vivenciando as situações em campo, sejam elas na parte de gestão do território, se por exemplo a comunidade abriu uma roça nova, se uma comunidade está maior, como também de atividades ilegais, como queimadas, invasões, desmatamento e garimpo”. Em março, outro curso também organizado pelo projeto Bem Viver e o Ipam, treinou indígenas para pilotagem de drones na Amazônia Legal e no Pantanal, visando fortalecer o monitoramento e gestão territorial dos povos Kadiwéu, de Mato Grosso do Sul, e dos Macuxi, Wapichana, Taurepang e Patamona, de Roraima. “Através das ferramentas que conhecemos aqui nós podemos mapear lugares tradicionais, onde já estão as comunidades, além de fazer mapas de clima, vegetação”, destacou Marciana Melchior da Silva, da comunidade Maturuca, TI Raposa Serra do Sol que participou do curso sobre o aplicativo Alerta Clima Indígena (ACI). O aplicativo foi desenvolvido pelo IPAM com apoio do governo da Noruega, para registrar dados sobre focos de calor e o risco de fogo, além de permitir o monitoramento do avanço do desmatamento dentro e no entorno de cada terra indígena. Sineia do Vale, coordenadora do Departamento Ambiental do CIR, destacou que os cursos auxiliam as comunidades a conhecer novas ferramentas para monitorar e lidar com os efeitos das mudanças climáticas. “A partir desses treinamentos as comunidades vão poder fazer junto com a gente os trabalhos de mapeamento, monitoramento territorial, além do monitoramento de cheias, secas e queimadas”, disse. “Ter como a gente fazer o mapeamento das comunidades, onde está acontecendo garimpo, desmatamento, focos de incêndio é muito importante. O curso foi proveitoso e vamos compartilhar esses conhecimentos”, disse Janderson Henrique, do povo macuxi da Região Raposa, da TI Raposa Serra do Sol, que participou do treinamento de SOMAI. Reinaldo Lourival, coordenador da NCI Brasil, ressaltou a importância de “unir conhecimentos tradicionais indígenas com o uso de novas tecnologias para melhorar a gestão das TIs”. Em Roraima há 32 Terras Indígenas demarcadas e homologadas, entre elas a Raposa Serra do Sol, com 1,7 milhão, e a Terra Indígena Yanomami, a maior do país com 9,7 milhões de hectares. Ambas são afetada pelo avanço do garimpo ilegal, que cresceu quase 500% nas TIs da Amazônia na última década, segundo um estudo do MapBiomas. O projeto Bem Viver, que realizou os cursos em parceria com o Ipam, visa melhorar a governança territorial e a gestão ambiental de terras indígenas em Roraima. O projeto é formado pelo CIR, Instituto de Educação do Brasil (IEB), Natureza e Cultura Internacional (NCI), e financiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID). As atividades Bem Viver também são apoiadas pelo Behner Stiefel Center for Brazilian Studies, da Universidade Estadual de San Diego e o The Stiefel Behner Charitable Fund. Fonte: CIR

Lideranças indígenas participam de capacitação para monitoramento via satélite de Terras Indígenas
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