Laboratório de DNA deve agilizar e baratear investigações criminais em Roraima
João Paulo Pires No início deste mês, Roraima ganhou um laboratório de genética forense, que vai dar mais agilidade e baratear custos de investigações criminais. A unidade é gerida pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil do Estado. Os equipamentos, instalações e treinamento para manuseio das máquinas —aproximadamente R$ 3,5 milhões— foram doados para o governo de Roraima pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), órgão ligado ao Ministério da Justiça. A unidade funciona na sede do Corpo de Bombeiros. O diretor do Instituto de Criminalística de Roraima, Sttefani Ribeiro, afirmou que o Brasil ainda precisa enriquecer o banco de dados de materiais genéticos no âmbito criminal . “As operações começaram em setembro, com a coleta do perfil genético de presos. É um trabalho importante porque nossos peritos terão como atestar com rigor científico a autoria de delitos e poderemos identificar pessoas que tenham sido mortas e que, devido a várias condições em que foram encontradas, nunca foram identificadas”, disse. Atualmente, existem casos esperando há 14 anos por uma solução da Polícia Civil de Roraima. Outro problema é o tempo para liberação de corpos no Instituto Médico Legal (IML). Até o dia 20 de setembro, dez corpos aguardavam identificação no órgão . Para o delegado-geral de Polícia, Herbert de Amorim Cardoso, outra estimativa é de que o laboratório de DNA economize nos processos de identificação criminal. Uma operação completa, incluindo gastos com deslocamentos, diárias, insumos e peritos de fora do Estado chegava a R$ 5.800; com a nova instalação, devem baixar para R$ 970. “Teremos uma redução de até 412% nos custos, sem falar na velocidade dos laudos. Algumas vezes levava até oito meses para serem realizados, mas com o laboratório aqui em Roraima poderemos concluí-los em até 10 dias”, declarou. Em Roraima, há 118 casos em aberto sob jurisdição do Instituto de Criminalística e 144 perfis genéticos a serem analisados . A nível nacional, o número de elucidações de crimes é baixo : pouco mais de 500 casos. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, somente 6% dos homicídios dolosos, —quando há intenção de matar— são solucionados no país pelas polícias civis . Segundo o Ministério da Justiça, para que um laboratório possa se interligar à rede nacional de perfis genéticos, como no caso da unidade recém-inaugurada em Roraima, existe uma série de pré-requisitos a serem cumpridos. A primeira delas é a ativação do funcionamento do laboratório de genética forense. Em seguida, as unidades têm de atualizar os chamados backlogs , que são as demandas acumuladas ao longo dos anos, além de precisarem abastecer o banco de dados local com material genético disponível. De acordo com a lei, somente condenados por crimes hediondos e violência grave podem ter o DNA coletado e armazenado . No Brasil, 22 Estados já têm laboratórios de DNA. A meta do governo federal é interligar todo o país em um grande banco de dados por meio destas unidades, que possuem tecnologia capaz de solucionar crimes com mais velocidade e segurança, por meio de técnicas de genética e biologia molecular. Acre, Alagoas e Rondônia já estão funcionando, com perspectiva de participar do banco nacional ainda em 2019.