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E-commerce, preços de livros e transporte são alguns dos desafios de livraria física em Roraima

Por: Camilla Salustiano e Cecília Veloso O estado possui uma única loja física de livros de todos os gêneros Foto: Camilla Salustiano A experiência de folhear páginas, apreciar uma capa bonita e sentir a textura do papel e o cheiro do livro antes de comprá-lo só é possível em uma livraria física. Entretanto, momentos como esses têm se tornado cada vez mais raros, visto que diversas livrarias ao redor do Brasil relatam dificuldades para manter o funcionamento, inclusive as de rede . A pandemia da Covid-19 e a popularização do e-commerce são algumas das razões que provocaram esse fenômeno no setor livreiro. A pesquisa Conteúdo Digital do Setor Editorial, feita pela Nielsen para a Câmara Brasileira do Livro e para o Sindicato Nacional dos Editores de Livros, mostrou que foram comercializados 8,7 milhões de e-books e audiolivros em 2020 . O número é 81% maior do que em 2019 - quando começou o levantamento. Em Roraima, também há outro desafio: o transporte de livros. Segundo Juliana Derzie, proprietária da única loja de livros de todos os gêneros do estado, a Livraria Boa Vista , o preço que se paga para trazer mercadoria é um dos maiores custos para manter o espaço. “Ter uma livraria é difícil. Nós temos que comprar os livros da distribuidora, que já são caros, e ainda arcar com o frete para Roraima, um dos mais altos do Brasil. Ainda temos que lidar com a estrada, que de Manaus para cá está muito ruim. No início do ano, a carreta que carregava os livros virou por causa disso. Foi complicado”, disse. Mesmo sem nenhum concorrente físico no estado, a livraria sofre com o impacto do e-commerce. A proprietária relata que situações em que o cliente entra na loja com o aplicativo de venda de livros aberto e depois sai sem comprar nada se tornaram cada vez mais comuns. Por isso, foram necessárias criar estratégias para atrair novos clientes. “Nós estamos sempre atentos às novidades do mercado, fazemos delivery de livros, realizamos eventos personalizados com os nossos clientes, temos espaço para leitura e estudo, assim como o espaço infantil. Também planejamos vários conteúdos interessantes para as redes sociais da livraria, pois é algo que chama a atenção do público”, comentou. Conforme Juliana, o intuito da livraria não se limita apenas à venda de livros, mas também é importante valorizar a experiência e a cultura que a leitura pode proporcionar para a população. “Fazemos no mínimo um sarau cultural por mês. No aniversário de Boa Vista, chamamos vários autores locais para divulgarem e autografarem seus livros. Também realizamos eventos de contação de estórias para crianças. A ideia é valorizar a sensação de fantasia que o livro traz e também a cultura, é muito mais do que só vender livros”, explicou. Abrir um espaço de café para os clientes, vender objetos personalizados e fazer uma livraria itinerante, que viaje pelos municípios de Roraima, são algumas das propostas para o futuro da única loja de livros do estado. “Nosso objetivo é que as pessoas se sintam em casa, tenham a experiência de estar em um lugar legal. Por isso, buscamos sempre inovar e fazer com que todos tenham acesso à livraria”, afirmou. Preços altos dos livros A inflação atingiu o orçamento das editoras e causou o aumento do preço dos livros no país todo. O valor tem afastado até os leitores mais ávidos das livrarias físicas, os objetos passaram a ser considerados quase como artigos de luxo . Amanda Almeida tem o hábito da leitura desde muito nova e acredita que, pela diferença de valor, vale mais a pena comprar pela internet. Foto: Arquivo pessoal “A frequência da minha leitura vai depender de como está minha rotina diária, eu diria que leio em média dez livros por ano. Sempre compro meus livros em lojas on-line, é mil vezes mais barato”, relatou. Amanda Almeida questiona a possibilidade de que, mesmo tendo outras livrarias físicas na cidade, o preço dos livros seria menor do que na internet. “Nas livrarias físicas é sempre o dobro do valor que é nas on-line. Eu não sei se ter duas opções de livrarias geraria uma concorrência e alguma ficaria mais barata. Mas, mesmo se fosse mais barato, não se compara ao valor que é vendido na internet”, argumentou.

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