Amazoom realiza o Seminário de Encerramento do I Ciclo de Formação Complementar
O evento ocorreu entre os dias 7 e 8 de fevereiro, mediadores e ouvintes compartilharam suas experiências em dois dias de encontro online. Por Laura Silvestre e Melissa Lima Nesta última semana, o Amazoom em parceria com a Internews promoveu um seminário de encerramento do I Ciclo de Formação Complementar, o encontro ocorreu de forma remota e contou com a participação dos facilitadores e convidados que conduziram as oficinas do ano de 2022. Os encontros foram uma releitura de temas que foram trabalhados durante todo o ano letivo pelos participantes do Amazoom. Com isso, o seminário foi dividido em dois dias, abordando questões que foram repassadas nos debates. No primeiro dia de encontro, foi relembrado o tema “Por onde anda o jornalismo alternativo?”, juntamente com os mediadores Márcia Elizabeth Fernandes, Caíque Souza, Assessor de Comunicação do Conselho Indígena de Roraima (CIR) e Ana Lúcia Montel, fundadora do Resistir Produções. As organizações que fornecem informações abordando questões indígenas e que estão interligadas dentro das comunidades, buscam apoio e visibilidade como explica Caique Souza. “Mas, a Rede Wakywai de Comunicadores Indígenas têm essa noção e essa ação mais efetiva dentro das Terras Indígenas. Os Comunicadores, hoje, podem fazer diferença e podem estar apoiando as suas lideranças, as suas coordenações de Tuxauas, os seus próprios Tuxauas dentro da sua comunidade”, esclareceu Souza. Seguindo com o seminário, foi discutido o seguinte tema “Estratégias de comunicação indigenistas” que foi conduzida pela mediadora Evilene Paixão (Amazoom/PPGCOM) e Rubens Valente (Agência Pública). A oficina foi destinada a levantar as técnicas que atualmente precisam ser usadas sobre os veículos de comunicação e como podemos usar esses parâmetros. “Precisamos dar mais valor às coisas dos povos indígenas. Na imprensa, nos veículos, tem que ser destacado. Até fizeram reportagens impactantes no governo Bolsonaro, mas não foi suficiente. Então, quando a gente fala na mídia, é preciso ver por que a própria mídia não tem relatado tudo isso do jeito que deveria. A gente tem que dizer que não é tudo lindo e se perguntar por que as questões indígenas não repercutem nos outros debates?”, disse Rubens. “Pandemia de Rumores” foi a temática tratada sobre o alto pico da Covid-19 e como a comunicação passaria a existir de uma forma positiva e negativa. A oficina foi conduzida por Marina Silvestre, Assistente Social do Hospital Geral de Roraima e Arieche Lima, psicóloga da Divisão de Acompanhamento Social e Psicopedagógico da Universidade Federal de Roraima ( DASP/UFRR ). Elane Oliveira e Daniela Batista, facilitadoras da vez, falaram sobre a experiência de tratar sobre saúde mental na universidade pós-pandemia e a onda de rumores que surgiu, prejudicando todo o campo médico e científico em tão pouco tempo. “Nós tivemos relatos fortes! Durante o período de pandemia, os rumores que circularam acabaram por ajudar a levar muitas pessoas a óbito. Infelizmente! Devido a essas fake news que foram espalhadas, nós tivemos muito disso”, explicou Elane. No segundo dia de encontro, o professor coordenador do Amazoom, Vilso Junior Santi, que facilitou a oficina sobre “Rumores no Jornalismo e Respostas Possíveis", recebeu o depoimento de Fábio Almeida, da Resistir Produções, sobre a desinformação e checagem de notícias. Inserido no debate de fake news, existe o que é informação falsa e o que é notícia falsa. Explicado por Fábio, dar credibilidade a falsa informação é a desinformação. Já a notícia falsa, é uma construção estruturada. Ela é a transformação, a ressignificação de um fato, para atender determinados interesses, sejam eles políticos, econômicos ou sociais. Yara Walker e Pedro Alencar deram continuidade ao debate de experiências do Ciclo com seus relatos sobre “Audiovisualidades Amazônicas e Práticas Etnocomunicacionais”, tema da oficina ministrada pelo Radialista, Repórter Cinematográfico e integrante do Amazoom, Pedro. Yara, que é Jornalista e Cineasta, trouxe a pauta das mulheres roraimenses no campo cinematográfico, o que foi tema de seu TCC, além de entrar na pauta da desinformação em suas produções sobre acerca de temas relevantes para a sociedade nos últimos tempos, como as eleições e o garimpo ilegal. Sua fala também trouxe a questão da visibilidade sobre esses assuntos, que recentemente se tornaram ainda mais discutidos mas que há tempos já vinham sendo trabalhados no campo acadêmico e jornalístico, inclusive pelo Amazoom, mas que não receberam tanta atenção na época. “O que a gente fez foi trabalhar esses temas e trouxe tudo o que foi possível. Num projeto, assim, mais voltado para o audiovisual. Era o que a gente podia fazer, o que estava ao nosso alcance. O Amazoom também fez isso, mas parece que ninguém queria ouvir’’, esclareceu Yara. A última oficina, realizada em parceria com o Coletivo PLAC, criado a partir de um projeto de extensão do curso de Artes Visuais da UFRR, teve como tema “Quando as Paredes Comunicam?” e foi mediada pela professora de Artes e vice-coordenadora do Amazoom, Leila Adriana Baptaglin, em conjunto com demais integrantes do PLAC. Fechando o encontro de encerramento do I Ciclo, Leila contou como surgiu o Coletivo, como acontece a relação entre as artes e o jornalismo e as marcas deixadas pelos participantes da oficina nos espaços físicos da Universidade Federal, promovendo comunicação e levando criatividade pelo campus Paricarana. “Nessa oficina a gente quis trazer para os participantes, primeiro uma perspectiva de entender quais são as diferentes linguagens que a gente trabalha dentro do campo da arte urbana”, explicou Leila. A professora contou sobre o processo de aprendizado das técnicas artísticas voltadas para a comunicação durante sua oficina, onde os participantes aprenderam sobre a distinção das linguagens em Artes Visuais em uma breve aula, logo entrando no campo prático e produzindo materiais que foram espalhados pelos ambientes externos da Universidade e dentro da sala do Amazoom, que também ganhou um grande mural temático. “Fizemos uma distinção rápida sobre essas linguagens, depois focamos no lambe-lambe que é uma das linguagens que têm uma vinculação mais explícita com o campo da comunicação e com o jornalismo. Ela surge a partir da retirada de elementos jornalísticos, com o uso de documentos impressos, de jornais, junto com imagens produzidas, utilizamos isso e a partir de uma construção artística, começa a colagem nas paredes. Trabalhamos a partir da perspectiva de que essa produção resultará em um processo educativo” disse Leila. Sobre o Ciclo de Formação, o coordenador do Amazoom, Vilso Junior Santi, conta que o projeto demorou para ser executado e se anima por conseguir realizar o propósito. “Lembramos que esse projeto é um sonho antigo, demorou anos para a gente tirar ele do papel e só conseguimos graças ao apoio da Internews! Faz tempo que nos preocupamos em oferecer possibilidades de Formação Complementar aos estudantes. Porque acreditamos na educação e que para qualquer profissional, em qualquer área, quanto mais conhecimento melhor. Só assim conseguimos transformar nossas práticas para melhor ", - Vilso Santi.