Os municípios de Uiramutã e Normandia são os que registram mais focos devido a prática cultural indígenas da queimada para o preparo do solo
Por Isaque Santiago
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O mês de dezembro se aproxima e com ele a chegada efetiva do período seco, que deve predominar o clima roraimense até meados de abril. Nesta época do ano, a Defesa Civil fica em alerta para os possíveis focos de incêndio florestal. Com uma queda no regime de chuvas, o mês de novembro já registra 27 focos de calor em todo o estado, deixando o órgão de defesa em alerta.
O monitoramento dos focos de calor é feito por meio de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam). Já o nível da água dos rios é monitorado pela Agência Nacional das Águas (ANA). Todos esses dados são cruzados para que a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros organizem as equipes de combate e façam parcerias com os departamentos de defesa civil dos municípios para atender todo o estado.
O gerente da Defesa Civil estadual, o tenente Rodrigo Maciel, afirmou que o nível dos rios já está diminuindo, a quantidade de chuvas está cada vez menor e a vegetação mais seca. O ambiente já é propício para o surgimento de focos de calor. “Desses 27 focos registrados, a maior parte está na região nordeste de Roraima, nos municípios de Uiramutã e Normandia. Nessas localidades, os focos são todos em áreas indígenas”, detalhou.
Nesse período do ano, por uma questão cultural, os povos indígenas preparam o solo para o próximo plantio. Uma das etapas desse preparo é justamente queimar a vegetação ali presente para que ela der lugar ao cultivo de alguma cultura como mandioca, hortaliças e frutas. “Todo ano isso acontece, já temos nossas equipes preparadas para combater qualquer sinal de alastramento de alguns desses focos”, disse Maciel.
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Apesar do constante monitoramento, por alguma vezes as equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil não conseguem chegar a tempo de combater os focos antes que eles se alastrem. Segundo Maciel, para evitar que isso aconteça, há pelo menos dois anos, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) orienta os agricultores indígenas quanto ao período adequado para a prática.
“Os profissionais do Ibama aconselham esses agricultores a iniciar o preparo do solo no final do período chuvoso, quando as chuvas já são reduzidas e não impedem a queimada. É claro que eles devem tomar os mesmos cuidados, como fazer o acero, que é isolar a área para que o fogo não se espalhe. Caso aconteça, a umidade ainda presente no final do período chuvoso ajuda a conter o fogo”, afirmou o gerente de Defesa Civil.
Quanto ao monitoramento das mudanças climáticas, Maciel adiantou que por enquanto, a previsão é de neutralidade em relação ao El Niño, fenômeno climático que aquece as águas do pacífico, afetando o regime de chuvas em Roraima. “O El Niño torna o nosso período seco mais intenso, aumentando a possibilidade de incêndios. Segundo o monitoramento via satélite, esse ano não está previsto que esse fenômeno ocorra, por hora, tudo está dentro da normalidade”, frisou.
Equipes da Defesa Civil se preparam para monitoramento in loco
A Defesa Civil estadual se planeja para destacar guarnições para áreas com histórico de queimadas. “Estamos com uma programação para a partir da semana que vem retornar a fazer visitas in loco para verificar situações mais pontuais de regiões que sabemos que são historicamente críticas. Além do monitoramento diário por satélite, é importante esse contato. Fazemos essas vistorias em parceria com a Defesa Civil dos municípios. Tentamos manter uma relação bem estreita, sabemos que o sistema de defesa civil não dá para ser feito de forma isolada”, disse Maciel.