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CIR celebra 50 anos em cenário de retomada das políticas públicas paras as populações indígenas

A celebração das cinco décadas de união, luta, resistência e conquistas do Conselho Indígena de Roraima (CIR) acontece permeada pela criação do Ministérios dos Povos Indígenas e pela retomada simbólica da Funai.


O Conselho Indígena de Roraima – CIR irá realizar de 16 a 20 de janeiro, a Celebração de seus 50 anos, no Centro Regional Lago Caracaranã, Terra Indígena Raposa Serra do Sol. A celebração marca uma nossa fase nas políticas públicas relacionadas às populações indígenas, com a nomeação das lideranças Sônia Guajajara para o Ministérios dos Povos Indígenas e Joenia Wapichana para presidência da Funai.


Para o coordenador geral do CIR, Edinho Batista, do povo Macuxi, este é um momento de homenagear e refletir sobre as lutas e conquistas do movimento indígena.

“Falar dos 50 anos do CIR é falar de uma grande responsabilidade, de uma grande missão que as lideranças indígenas de Roraima tiveram de fazer frente, de lutar com resistência e coragem em defesa dos direitos do seu povo” – Edinho Batista Macuxi.

A solenidade trará os convidados o histórico da organização e suas lideranças, apresentações culturais e feira de produção orgânica das comunidades indígenas. São esperadas mais de 1000 pessoas entre lideranças indígenas locais e nacionais, entidades civis, apoiadores e organizações.


A coordenação do evento recomenda que os convidados tragam redes, mosquiteiros, kit de alimentação (prato, colher, copos), protetor solar, repelentes e garrafa de água. Para quem usar barracas para dormir, terá um espaço específico para acomodar. Ao chegarem no lago terá uma equipe que prestará todas as informações. Não será permitido a entrada de bebida alcoólicas e pessoas não autorizadas.


A data faz referência ao início da união das lideranças tradicionais dos povos indígenas de Roraima, que em meados das décadas de 1970 reivindicavam principalmente a demarcação das terras e a autonomia ante a violência, exploração e produção predatória em seu território, decorrentes da ocupação ilegal de fazendeiros e garimpeiros.


Histórico


Após muitos anos de sofrimentos, em janeiro de 1971, as lideranças das comunidades e regiões decidiram se unir e realizaram um grande encontro - essa foi a primeira Assembleia dos Tuxauas. A reunião ocorreu na comunidade Barro, região Surumú, local onde tudo começou.


Todos os anos os tuxauas se reuniam para debater e tentar resolver algumas situações. Porém, os problemas permaneciam e os conflitos pelo território ficavam cada dia mais violentos e sangrentos. Muitos parentes foram expulsos de suas casas, outros perderam a vida lutando e defendendo aquilo que lhe era de direito - a Terra.

Em 26 de abril de 1977, na comunidade indígena Maturuca, região Serras, Terra indígena Raposa Serra do Sol, veio a principal decisão que marcou o recomeço para as comunidades indígenas. Foi a assembleia do “Vai ou Racha”.

Foi nesse encontro que os indígenas se uniram para dizer não à bebida alcóolica e sim à comunidade. Dessa decisão, surgiram os conselhos regionais que ajudavam a resolver os problemas e fortaleciam a organização entre as comunidades.


Importante lembrar que de 1971 a 1989, havia as importantes articulações com um pequeno grupo de indígenas, estes eram chamados de Conselheiros. Cada região tinha seus conselheiros. Um dos primeiros foi o tuxaua Gabriel Macuxi, da região Raposa. A liderança buscava apoios com os parceiros para apoiar as comunidades indígenas conforme as suas necessidades.


No ano de 1980, o projeto de criação comunitária de gado “Uma vaca para o índio”, possibilitou a reconquista da terra e fortaleceu a autonomia das comunidades. Já em 1986, os conselhos regionais passaram a ter uma sede em Boa Vista-RR para facilitar a articulação por políticas públicas e direitos indígenas. Principalmente nas áreas de saúde e educação. Então foi criada uma organização de abrangência estadual, o Conselho Indígena do Território de Roraima (CINTERR).

Já a criação formal do CIR ocorreu em 30 de agosto de 1990 devido à emancipação do Território Federal e sua passagem para Estado de Roraima - na Constituição Federal de 1988.

Desde o início, principal bandeira do movimento, foi a luta pelos territórios. A demarcação de Terra Indígena Raposa Serra do Sol, que foi uma luta travada pelas lideranças por mais de 30 anos e isso foi o símbolo dessas conquistas. A demarcação e homologação foi um marco legal e político para os direitos indígenas no Brasil.

Vale destacar, além de grandes lutas há também importantes conquistas como: na educação, com a formação de professores indígenas através do Magistério e com a criação do Instituto Insikiran; e na saúde, com a formação de Agentes Indígenas de Saúde (AIS). Houve também a implantação do Grupo de Proteção e Vigilância Territorial (GPVIT) nas comunidades.

Para atingir estes objetivos, o CIR no decorrer dos anos vem desenvolvendo diversas atividades na área da saúde, educação, cultura, gestão ambiental, promoção social, desenvolvimento sustentável e participação nas políticas públicas, respeitando a organização social e cultural dos diversos povos indígenas do estado.


Programação


Convite Especial


Enock Taurepang e Maria Betânia, Coordenadores executivos do Conselho Indígena de Roraima, junto ao Coordenador de Tuxauas da região Raposa, Valério Eurico, convidam comunidades, lideranças e apoiadores para a celebração dos 50 anos da Organização, que vai acontecer de 15 a 20 de janeiro, no Centro Regional Lago Caracaranã. Confira o vídeo aqui.



Atuação do CIR


A área de atuação do CIR abrange as mais de 35 terras indígenas de Roraima, com uma extensão de mais de 10 milhões de hectares, e uma população de 58.000 indígenas em 465 comunidades em todo o estado de Roraima. Sua base é constituída pelos povos: Macuxi, Wapichana, Ingarikó, Patamona, Sapará, Taurepang, Wai-Wai, Yanomami, Yekuana e Pirititi.


A atuação direta do CIR se desenvolve através de 10 conselhos regionais, envolvendo as etnorregiões: Serras, Surumú, Baixo Cotingo, Raposa, Amajarí, Wai-Wai, Tabaio, Serra da Lua, Murupú e Alto Cauamé.


O CIR é uma das organizações indígenas mais ativas no Brasil, com atuação local, regional, nacional e internacional.


CIR 50 anos


Na abertura das celebrações do aniversário da primeira “assembleia de tuxauas” (lideranças) que deu origem, em 1971, ao Conselho Indígena de Roraima (CIR), a organização lançou a animação “CIR 50 anos”.

Com três minutos de duração, o vídeo é narrado pela jovem comunicadora Niciele Raposo, do povo Macuxi, e relembra o contexto de invasão que as comunidades enfrentaram nos anos 1970. A produção destaca datas importantes para o movimento indígena de Roraima – como a decisão do “Vai ou Racha”, contra o alcoolismo nas aldeias, em 1977 – e as conquistas alcançadas nas últimas cinco décadas.


Uma delas foi a luta de 30 anos pela demarcação em área contínua da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, onde hoje vivem mais de 26 mil indígenas dos povos Macuxi, Wapichana, Ingarikó, Taurepang e Patamona.


A produção do vídeo teve apoio do Projeto Bem Viver (CIR/IEB/NCI) e foi produzida pelo Coletivo 105. A animação está disponível no canal do CIR no Youtube.


Fonte: CIR.

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