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  • Foto do escritorYasmim Trindade

A diversidade do empreendedorismo indígena em Roraima - uma forma de resistência

Atualizado: 9 de mai. de 2023

O empreendedorismo indígena vem ganhando cada vez mais espaço no Estado pela beleza, qualidade e diversidade que os produtos oferecem. Visto como um impulsionador de talentos, o microempreendedorismo vem ao longo dos anos se transformando em um grande potencializador da economia do país.


Por Yasmim Trindade.

Artesanato - Colares / Foto: Divulgação.


O empreendedorismo indígena é um empreendedorismo cultural pois está ligado diretamente na história que se baseia na criação do seu produto. É uma ferramenta poderosa de empoderamento e resistência na luta pelos seus direitos desde o momento da desapropriação de suas terras e da supressão de suas práticas culturais.


Conheça o trabalho de alguns microempreendedores de Roraima:


Tatiana Peixoto da etnia Macuxi

Tatiana Soares Peixoto do Povo Macuxi tem 45 anos e é dona da Tatippepe: Fitocosméticos amazônicos. A microempreendedora conta que sempre usou produtos naturais em casa com sua família e que em 2017 começou a produzir ela mesma produtos da saúde e da medicina tradicional indígena, como pomadas, chás, etc.

“Comecei a fazer os produtos e doar para a comunidade. Com o aumento da demanda percebi que não tínhamos ingredientes e embalagem o suficiente, mesmo pedindo doação da comunidade não supria. Então, comecei a ir à cidade comprar potes de doces para usar embalagem das pomadas”, contou Tatiana.

Durante a pandemia, Tatiana começou a produzir vídeos e a divulgar nas redes sociais para alcançar um público maior e conseguiu. Iniciou o negócio fazendo encomendas e a cada dia as demandas aumentavam. Os produtos passaram a ser vendidos não só dentro da sua comunidade, mas também na cidade.


Fotos: Divulgação


Hoje esta é a única fonte de renda da empreendedora Macuxi e ela afirma estar contente com seu negócio. Para Tatiana seu empreendedorismo é uma forma de aproximação das pessoas com as coisas boas da natureza: leveza, simplicidade, equilíbrio e harmonia.

“Por isso, eu acredito na importância de manter as florestas de pé, é de lá que vem todo nosso sustento”, finalizou.

Elisvaldo Eribas da etnia Waiwai

O artesão, Elisvaldo Waiwai conhecido como Eribas Artes Penas começou a empreender desde 2016 com produtos de artesanato do seu povo, os indígenas Waiwai. Eribas vende biojóias, como por exemplo: cocares, colares e brincos.

“Esses produtos identificam minha cultura, os Waiwai. Fazemos artesanatos, além de vender castanhas, farinha, etc. Sempre gostei de artesanato, aprendi com minha mãe e meu pai na comunidade e até hoje continuo morando e aprendendo com eles, o que me ajuda muito”, disse Elisvaldo.

Fotos: Divulgação


Além de artesão, é estudante da Universidade Federal de Roraima do curso de Licenciatura Intercultural no Instituto Insikiran. Hoje o seu artesanato é sua principal fonte de sustento que o ajuda a pagar sua moradia na cidade, Boa Vista, e poder dar continuidade aos estudos.

“Me ajudou a comprar meu notebook para fazer meus trabalhos da universidade, pagar meu aluguel, minhas passagens. Então, desde que fiquei desempregado, empreender no meu artesanato se tornou minha fonte de renda”, afirmou.

O avanço do empreendedorismo indígena não só em Roraima, mas também em todo Brasil é uma forma de resistência, resiliência e revitalização, além de ser essencial para manutenção da cultura dos povos originários.

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