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Protagonismo e comunicação na imprensa ainda são alguns dos desafios dos Povos Indígenas de Roraima

(Foto: Bryan Araújo)

Jornalista Mayra Wapichana na 47ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima


A primeira jornalista a concluir o curso de Comunicação Social - Jornalismo na Universidade Federal de Roraima pelo Processo Seletivo Indígena, Mayra Wapichana, ìndia da etnia Wapichana, é símbolo de muitas das conquistas dos povos indígenas de Roraima no espaço universitário e também na imprensa local.


“A conquista da minha vaga na universidade é resultado da luta dos indígenas de Roraima, da luta por conquistar esse espaço e principalmente por buscar o protagonismo da juventude das novas lideranças a partir das demandas apresentadas e debatidas na Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima”, explicou a jornalista.


Mayra Celina da Silva Pereira, mais conhecida como Mayra Wapichana, concluiu o curso de comunicação no ano de 2016, todavia, sua luta pelo protagonismo dos nativos na imprensa local não começou na conquista da vaga na universidade pública. Durante a 47ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima, Mayra relatou seu percurso e os motivos que a levaram a escolher o curso.


“Para mim a área de comunicação foi uma necessidade que eu enxerguei na forma como eu poderia contribuir com a organização do movimento indígena e com as comunidades, uma vez que essa não é uma área muito atuante nas comunidades indígenas”, relatou.


(Foto: Bryan Araújo)

Jornalista Mayra Wapichana na 47ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima

Ela conta que seu percurso até a universidade pública foi longo e somente em 2010 depois da inserção de um processo seletivo específico para estudantes indígenas ela conseguiu matricular-se no curso de comunicação.


“Comecei a conquistar o espaço no jornalismo aos poucos, em 2006 fiz o curso de radiojornalismo, em 2009 ingressei no curso de comunicação em uma faculdade privada, no entanto, para os indígenas existem algumas dificuldades para manter-se em uma instituição particular e somente no ano de 2010 após muita luta dos povos indígenas, consegui uma vaga pelo Processo Seletivo Indígena -PSEI na UFRR”.


A jornalista disse que conseguir a vaga foi apenas uma das etapas para a formação em comunicação social - jornalismo, ela ressalta que o processo de inserção na universidade foi árduo.


“Foi uma caminhada bastante difícil tanto no sentido acadêmico quanto na dificuldade de inserir-se e identificar-se como índia na cidade e na universidade. Todos esse momentos foram marcados pela reafirmação da minha identidade como indígena, com minha resistência como índia vivendo e estudando na cidade”.


Atuando como assessora de comunicação do Conselho Indígena de Roraima - CIR, Mayra esforça-se pela conquista de espaço e protagonismo dos jovens indígenas na imprensa local. No decorrer da Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima de 2018 realizada no lago Caracaranã na região da Raposa Serra do Sol ela reforça mais de uma vez a importância da comunicação e informação nas comunidades.


“Enquanto organização pretendo levar a formação comunicacional para dentro das comunidades para que os jovens possam ter o acesso à informação e protagonizar esses espaços nas aldeias”.


Roraima é atualmente o estado com proporcionalmente o maior número de indígenas do país, com 35 terras indígenas demarcadas, no total, são 55.922 em todo o Estado, sendo 28.763 homens (51,4%) e 27.159 mulheres (48,6%). Contudo, ainda são poucos os jornalistas nativos a trabalhar com as causas dos povos no Estado, a jornalista informa o desafio de trabalhar com toda essa diversidade de povos, culturas e línguas.


“Temos que trabalhar a comunicação com toda essa diversidade de povos em Roraima e isso ainda é um desafio, todavia, tentamos ao máximo falar a linguagem de luta e representação comum a todos os índios do Estado”, finaliza Mayra Wapichana.

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