Por: Juliane Raposo, Tiago Lima
Nova forma de comercializar o artesanato indígena tem sido uma opção de fonte de renda
Com advento da Internet e redes sociais cada vez mais presente na vida de todos os grupos da sociedade, tal tecnologia também privilegia as comunidades indígenas, que estão se inserindo mais nesse universo virtual. E, recentemente, um grupo de mulheres indígenas artesãs tiveram a ideia de unir a sua cultura à essa tecnologia e usá-la para comercializar suas artes.
Glaucirleide Almeida de Castro, mulher indígena da comunidade Wapichana, percebeu a dificuldade dos artesãos em vir para a capital Boa Vista para comercializar os seus produtos por falta de transporte e dinheiro para custear o deslocamento, e teve a ideia de usar um aplicativo de mensagens instantâneas para auxiliar nas vendas após participar da Feira Indígena promovida pelo Instituto Insikiran da UFRR (Universidade Federal de Roraima). Dessa maneira criou o grupo de vendas no aplicativo chamado “Feira Indígena Online de Roraima” e passou a buscar por artesões com interesse nesse modelo de negócio para adicioná-los.
Fonte de Renda e a Cultura
As mulheres do grupo destacam que essa iniciativa além de ser uma fonte de renda para auxiliar no sustento da família, ainda fazem suas produções reaproveitando materiais recicláveis de forma consciente, sem degradar o meio ambiente: “Já que tudo é pensado de forma a preservar a
natureza e mostrar o valor do nosso trabalho”, disse umas das artesãs.
Uma das mulheres que viu a oportunidade de amenizar as dificuldades vividas em sua comunidade através desse método de venda do seu artesanato é Denise Wapichana. Ela falou que sofreu a perda de seu pai, que era o responsável pelo sustento de todos em seu lar, aos 04 anos de idade, e que a falta de assistência por parte do governo, tem feito com que várias pessoas procurem novas fontes de renda na comunidade e na cidade. “Nunca vou deixar minha cultura. A minha damorida, a nossa essência! O sangue corre na nossa veia. Temos a dança do Parixara, nossos artesanatos e para nós, mulheres indígenas, não existem fronteiras. Existe a nossa valorização, de nossas línguas tradicionais indígenas”, relatou Denise Wapichana.
Denise explicou ainda que os amigos têm contribuído, divulgando a venda dos artesanatos através de suas redes sociais. Falou do desafio desse tipo de negócio, mas também da experiência e do povo indígena ter espaço dentro das mídias sociais, algo inimaginável em outros tempos, e encerra: “A venda dos artesanatos pelas redes sociais nunca foi tão importante e tem contribuído para as mulheres indígenas que moram na cidade.”
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