Após o cancelamento do show do artista Johnny Hooker grupos estão se mobilizando para realizar ‘Chamado contra a LGBTFOBIA’ em Roraima. Artistas que se apresentaram no Festival “Mormaço Cultural” organizado pela prefeitura de Boa Vista, também se posicionaram a favor do cantor.
Por Yasmim Trindade
O Festival “Mormaço Cultural” ocorreu entre os dias 26 de setembro e 01 de outubro. Uma das propostas do evento é realizar um festival que traga diversidade cultural ao Estado. Entretanto, o cancelamento do show do artista LGBTQIA + Johnny Hooker, resultou em uma sensação diferente, no qual a pluralidade de ideias não foi respeitada.
No dia 25 de setembro, por meio das redes sociais, o prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique anunciou o cancelamento do show do artista LGBTQIA +. Mesmo dizendo que não abre mão de respeito, Arthur cancelou o show do artista.
“Todos sabem dos meus princípios e dos meus valores, e como prefeito sempre vou fazer o melhor pelas pessoas e pela cidade de Boa Vista. Ao meu pedido, a Fetec (Fundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura), cancelou essa atração do festival”, disse.
A Resistir Produções foi uma das duas associações que se mobilizou para realizar o ‘Chamado contra a LGBTFOBIA’. Para eles, o posicionamento da Prefeitura de Boa Vista foi claramente de censura contra uma atração LGBTQIA +. Eduardo Fredi é integrante da Resistir e conta o por que da criação da campanha.
“Nos posicionamos contra a decisão de cancelamento e pedimos apoio dos artistas nacionais na campanha #VaiTerJohnnySim, com a ideia de que eles possam pautar o que aconteceu com Hooker durante as apresentações no festival. A LGBTfobia precisa ser discutida para além da violência física, o que aconteceu foi um ato de LGBTfobia institucionalizada, por isso propomos essa campanha”, afirmou Eduardo.
Durante os shows que ocorreram nos dias 31/09 e 01/10 no Parque do Rio Branco, artistas regionais e nacionais no decorrer de suas performances se pronunciaram e declararam apoio ao artista Johnny Hooker. O cantor Emicida foi um deles. No final da sua apresentação, o artista contou que ficou indeciso em vir para Roraima depois dos ataques que seu amigo sofreu.
“Eu fui radicalmente contra isso, porque eu também já fui perseguido por causa de uma música. Eu já fui preso por causa de uma música. Uma frase tirada do contexto jogada aleatoriamente para satisfazer uma ideologia que já ceifou a vida de uma pá de gente. Uma frase existe por causa de um contexto e se a gente não olhar com honestidade para o contexto e perceber que esse país é o que mais mata transexual, a gente nunca vai dar um passo para frente”, declarou o cantor.
Além disso, a cantora Duda Beat, que também defende a bandeira da diversidade cultural e comunidades LGBTQIA +, protestou contra o cancelamento do show de Johnny Hooker. Durante o show, a artista se solidarizou com a situação e destacou que se apresentou no festival por causa do público que acompanha o seu trabalho.
Nesse sentido, a redação do Amazoom conversou e ouviu os depoimentos dos representantes da Resistir Produções. Eduardo Fredi, discutiu sobre a importância da diversidade cultural para o desenvolvimento do país, além de contar como funciona o trabalho do grupo e a importância de protestar e de se mobilizar contra atos preconceituosos.
“Nosso trabalho começou em 2022. A Resistir surgiu da nossa vontade de fazer uma comunicação diferente dentro do estado, sempre discutimos dentro da universidade como havia uma necessidade de existir uma rede alternativa de informações, que não tivesse ligações com empresas, então decidimos levar à frente o projeto”, disse.
De acordo com a agência, no contexto político de Roraima, o respeito à diversidade não existe no dia a dia. Ressalta ainda, que muitos dos projetos políticos são para beneficiar somente pessoas que já estão em posição de poder.
“Dentro do que acreditamos, a diversidade é acima de tudo o respeito, respeito às culturas e movimentos indígenas, ao movimento negro, ao movimento ribeirinho, movimento LGBTQIA+ e às pessoas migrantes. Por isso lutamos para que se entenda que sem essa diversidade não existiria até mesmo o estado de Roraima”, ressaltou.
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