Bryan Chrystian
25 de set de 20182 min
Atualizado: 13 de abr de 2019
Por Ana Lucia Monte, Fabrício Araújo, Rafaela André e Sandeivyde Alves.
De um lado os direitos da comunidade LGBTQ+ e do outro a Marcha para Jesus. Ainda que sem um contexto, as duas coisas em uma única frase já causam estranhamento, isso porque é impossível não pensar nos constantes confrontos ideológicos da comunidade cristã e da população LGBTQ+ no Brasil.
Mesmo com toda esta tensão que se cria só em juntar os dois assuntos, imagine o que aconteceria se o homem que se proclama, como a pessoa que trouxe a Marcha para Jesus para Roraima, também tivesse levantado a proteção da comunidade LGBTQ+ em pelo menos dois pontos de seu plano de governo?
Foi exatamente o que aconteceu com o candidato do PDT, Telmário Mota. Ele diz que foi o responsável pela primeira Marcha para Jesus em Roraima e em um pronunciamento durante atividade legislativa, em 30 de setembro de 2015, chegou a falar a seguinte frase:
Em seu plano de governo das eleições de 2018, intitulado “14 compromissos”, ele se compromete com a comunidade LGBTQ+ nos compromissos dois e cinco, que tratam de segurança pública e seguridade social respectivamente.
No compromisso dois do plano de governo, Telmario Mota afirma que vai combater com inteligência, repressão e prevenção o tráfico de pessoas; as violências e abusos contra crianças e adolescentes; as práticas delituosas contra idosos desde agressões físicas a assédios morais e financeiros; as violências contra a população negra, indígena, estrangeira e LGBT de Roraima. E no compromisso cinco diz que irá consolidar e ampliar a rede de proteção social, envolvendo estado e municípios, que seja formada por instituições que atuam com crianças, adolescentes, idosos, pessoas com deficiência, população lgbt e população de rua.
Seria ele um político não polarizado ou com idéias políticas não lineares? Segundo o cientista político, Roberto Ramos, se trata de um político profissional.
“Ele é um político profissional, que busca maximizar suas oportunidades eleitorais sem estar vinculado à uma matriz ideológica definida. Por isso, ele tenta agradar com políticas os eleitores onde eles estiverem”, afirmou o cientista político.
Questionamos a Roberto Ramos se o caso de tentativa de maximização de eleitorado poderia ser uma estratégia frágil no contexto de que são dois grupos grandes e com considerável organização social.
“Não necessariamente, as razões são diversas para escolha de um candidato. E também não se deve esquecer que a representação política refere-se ao todo e não apenas a um seguimento do eleitorado. Ele não foi eleito como candidato dos LGBTs ou como candidato dos evangélicos, ele foi eleito como representante do povo de Roraima”, esclareceu.